A partir de agora, todos os dias 23 de março passam a ser oficialmente o Dia Estadual da Literatura Infantil no Ceará. O plenário da Assembleia Legislativa aprovou na última quarta-feira (5) o projeto de lei 263/19, de autoria do deputado estadual Renato Roseno (PSOL), que institui a data, escolhida em homenagem ao aniversário do professor e escritor Horácio Dídimo (1935-2018). O projeto foi sancionado pelo governador Camilo Santana e virou a lei 16.916/19.
Autor de mais de 40 livros, Horácio foi professor do Curso de Letras da Universidade Federal do Ceará e membro da Academia Cearense de Letras. Escreveu ficção, poesia e ensaios. Mas foi na literatura infantil que ganhou notoriedade e tornou-se uma referência nacional com obras como “O passarinho carrancudo”, “Historinhas cascudas”, "As historinhas do mestre Jabuti", “A palavra e a PALAVRA” e “Ficções Lobatianas: Dona Aranha e As Seis Aranhinhas no Sítio do Pica-pau Amarelo”, entre muitos outros.
Mestre em literatura brasileira pela Universidade Federal da Paraíba e doutor em literatura comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Horácio criou na UFC a primeira disciplina voltada para a literatura infantil, em 1979. "Essa disciplina já existia em algumas universidades no Brasil, mas não na nossa UFC. Na graduação, houve o interesse no curso de Biblioteconomia, Psicologia e Pedagogia", explicou em entrevista ao jornal O POVO (23/3/2015).
Dídimo também foi o responsável pelo desenvolvimento de um projeto de distribuição de livros infantis para crianças da zona rural cearense nos anos 80. Antes de morrer, foi homenageado com a publicação do livro “Horácio Dídimo em Estudo”, livro que reuniu artigos e ensaios sobre sua vasta obra. Horácio faleceu no dia 2 de setembro de 2018, aos 83 anos.
“A poesia sempre tem um sentido lúcido e um sentido lúdico. O lúdico é o da brincadeira. O lúcido é o do sentido, do aprendizado. Assim também é a literatura infantil”, ensinava. “Tudo que escrevi está ligado à poesia. A literatura infantil, para mim, não é um gênero literário, mas um modo de fazer poesia”. (Texto: Felipe Araújo / Foto: Acervo pessoal)