O Ceará é o quinto estado brasileiro e o primeiro do Nordeste em casos de suicídio. A informação foi apresentada pela professora Ana Patrícia de Aragão, representante do Programa de Apoio à Vida da Universidade Federal do Ceará (UFC), durante audiência pública promovida na tarde desta quinta-feira (28/09) pela Comissão de Seguridade Social e Saúde da AL. O debate teve como tema a campanha Setembro Amarelo e se propôs a discutir a problemática crescente do suicídio e seu impacto sobre alguns grupos sociais específicos, a exemplo de adolescentes, jovens e trabalhadores da segurança pública.
Segundo os relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), em números absolutos, o Brasil é o oitavo país com maior número de suicídios no mundo, segundo ranking divulgado pela OMS em 2014. Já o Ceará ficou em 5º lugar no ranking de suicídios do Brasil, conforme o 10º Anuário de Segurança Pública divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o deputado Renato Roseno (Psol), que solicitou a audiência, o suicídio segue como a segunda principal causa de morte entre jovens no mundo. Há diversos fatores que podem incidir sobre os motivos que levam ao suicídio, mas o mais importante, segundo o parlamentar, é que o ato pode ser prevenido.
"Nós não apenas devemos falar mais sobre esse assunto como devemos criar e fortalecer uma institucionalidade em termos de políticas públicas ligadas ao assunto", afirmou Renato, que é autor da lei que institui no Ceará o setembro amarelo, mês voltado à divulgação do problema e à prevenção ao suicídios. O deputado considerou que algumas categorias ou grupos são mais vulneráveis que outros e citou como exemplo os agentes de segurança pública, como policiais civis e militares, cuja a taxa de suicídio é quatro vezes maior que a do resto da população. Ele também informou que seu mandato apresentou emendas orçamentárias, já aprovadas pela Casa, que visam o fortalecimento da assistência psicossocial aos profissionais de segurança pública.
A coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV), Rejane Felipe, também destacou a importância de conversar sobre o tema. “É preciso falar abertamente para que isso deixe de ser um tabu”, defendeu, lembrando que os motivos que levam ao suicídio ainda giram em torno de muita “culpa e vergonha”. Ela informou que 90% dos casos de suicídios contabilizados em relatório atualizado da Organização Mundial de Saúde (OMS) poderiam ser evitados. “O Setembro Amarelo está aqui para isso: divulgar o assunto e tentar reduzir essa estatística que é muito desfavorável para nosso País”, comentou.
A psicóloga e representante do Sindicato dos Psicólogos, Ana Rachel Sales, ressaltou não só a importância de falar sobre o tema, mas também o acolhimento dos sofrimentos psíquicos dos suicidas. Segundo ela, são esses sofrimentos que estão por trás da história das pessoas e são eles que as levam ao suicídio. “As pessoas não querem morrer, querem acabar com o sofrimento”, explicou. Participaram ainda da discussão representantes das secretarias do Trabalho e Desenvolvimento Social, da Segurança Pública e Defesa Social e da Educação do Estado; da Perícia Forense do Estado; da Associação dos Profissionais de Segurança Pública; e do Instituto Bia Dote. (Com informações da assessoria de comunicação da AL / Foto: Marcus Moura)