Dificuldade no acesso aos serviços de saúde. Depressão. Abandono familiar. Intolerância. Essas e outras palavras permeiam os cenários de quem convive com o vírus HIV e com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, conhecida popularmente como AIDS. Marcas na narrativa e na trajetória dessas pessoas, essas palavras foram fincadas em cruzes durante ato em celebração do Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, comemorado neste dia 01 de dezembro. O ato foi realizado em frente ao Hospital São José, localizado no bairro Parquelândia, em Fortaleza.
“A pandemia da AIDS já matou milhares de pessoas nesses últimos 40 anos e hoje ainda mantém-se como uma doença que mata, sobretudo, àqueles que não têm acesso à atenção básica de saúde, à assistência social e à prevenção”, destaca o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa, deputado estadual Renato Roseno, que esteve presente na manifestação. “A militância da sociedade civil veio para reivindicar mais investimentos nas pesquisas científicas, mais prevenção, investimento em assistência social e de maneira emergencial, atenção especializada, em especial pelo fortalecimento dos ambulatórios especializados, a começar pelo Hospital São José”, completa
O ato foi realizado pelo Movimento Nacional das Cidadãs Positivas, pela Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV/AIDS e a Rede de Solidariedade Positiva. Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), quase 40 milhões de pessoas no mundo convivem com o vírus da imunodeficiência humana. No Ceará, são mais de 10 mil pessoas convivendo com o HIV, segundo dados oficiais da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) coletados entre 2015 e 2020. Neste ano, até 30 de novembro, foram detectados 1252 casos no Estado. Desse número, 228 são casos de HIV em gestantes. O perfil predominante do contágio é em pessoas pardas (82%), na faixa etária de 20 a 29 anos (505 casos). .
De acordo com Vando Oliveira, integrante da Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV/AIDS, a data traz destaque para uma questão que é luta diária de muitas pessoas no mundo. “Nós ainda precisamos avançar muito no Estado do Ceará em relação às políticas de saúde. O Hospital São José é um símbolo nesse atendimento, no entanto, precisa ser fortalecido por políticas públicas. Não podemos mais esperar”, reforça Oliveira.
Emendas
Nas últimas semanas, o mandato É Tempo de Resistência uniu esforços para o envio de sugestão de emendas parlamentares para a Lei Orçamentária Anual do Estado para o ano de 2021. Dentre as demandas apresentadas, na área de saúde, o mandato protocolou sugestões em relação à população com AIDS/HIV:
- Promoção da atenção à saúde da pessoa vivendo com HIV e AIDS
- Ampliação do ambulatório para atendimento de pessoas com HIV e AIDS no Hospital São José
- Aquisição de medicamentos para tratamento de infecções oportunistas para pessoas vivendo com HIV e AIDS
- Campanha permanente para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST, HIV e AIDS)
As demandas totalizam o valor de R$400.000,00. “Estamos em favor das pessoas com HIV e AIDS, todas as vida valem muito. Esta data, 01 de dezembro, é um dia de luto, mas também um dia de luta”, reforça Roseno.
Carta aberta das Redes de Pessoas que Vivem com HIV/AIDS
Para trazer visibilidade à pauta, as Redes de PVHA divulgaram uma carta aberta, construída de forma conjunta, com o objetivo de reivindicar direitos e políticas em relação a essa população. “No Ceará, particularmente no município de Fortaleza, as pautas são praticamente as mesmas nos últimos anos, enquanto as PVHA vêm denunciando e exigindo uma atenção maior e mais eficaz por parte do gestor estadual e dos gestores municipais”, destaca a publicação.
Confira a carta na íntegra. (Texto e fotos: Evelyn Barreto)