Milhares de pessoas foram às ruas em Fortaleza na última sexta-feira para dizer não ao projeto de reforma da previdência do governo Bolsonaro. Pelo menos 20 mil pessoas se concentraram na Praça da Imprensa e seguiram em caminhada até a Praça Portugal numa grande manifestação organizadas por centrais sindicais, movimentos sociais e pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. A manifestação fez parte da programação do Dia Nacional de Lutas em Defesa da Previdência, que contou com atos em mais de 120 cidades.
"Uma multidão está nas ruas hoje em várias cidades do País para dizer que o povo brasileiro não vai abrir mão de seu direito a uma velhice digna, não vai deixar de honrar um pacto civilizatório entre as gerações, porque a previdência é justamente a expressão disso, para atender os interesses dos grandes bancos e do mercado financeiro", afirmou Renato Roseno, que participou do ato. "Não vamos deixar essa reforma passar. Seguiremos nas ruas com alegria e com felicidade, com unidade e organização, para derrubar esse projeto nefasto".
Segundo os organizadores, o ato em Fortaleza reuniu mais de 30 mil homens e mulheres. Um dos motes do protesto foi “Não mexam nas nossas aposentadorias”.
"Nós defendemos um modelo em que cada trabalhador e cada trabalhadora tenha o direito à riqueza social que ajudou a construir, que tenha direito a uma vida digna, que tenha direito a saúde e que a velhice não seja uma maldição", destacou Renato em fala no fim da caminhada. Para o parlamentar, o governo está colocando a sociedade contra os mais idosos e também contra os mais jovens. "Quando ele coloca as atuais gerações para trabalhar mais, ele também limita a entrada dos mais jovens no mercado de trabalho", afirmou.
Bolsonaro quer estabelecer vinte anos de contribuição para as trabalhadoras e os trabalhadores rurais (na regra atual não era necessário contribuição, apenas comprovação de atividade rural por 15 anos). Além disso, aumenta a idade mínima das mulheres de 55 para 60 anos, igualando aos homens.
Em relação às professoras, na regra atual, a idade mínima para as profissionais da rede pública se aposentarem é de 50 anos (e dos professores, 55 anos). Com a proposta de Bolsonaro, a idade mínima passa a ser 60 anos para ambos o sexos, o que significa que as mulheres professoras terão um aumento de 10 anos para acessar o benefício enquanto que o aumento para os homens é de 5 anos. Além da idade mínima, hoje são exigidos 25 anos de contribuição para mulheres e 30 para homens. Com a PEC, as professoras terão que comprovar 30 anos de contribuição, mesmo tempo exigido para os professores.
Renato também lembrou que essa proposta de reforma é muito prejudicial às mulheres. "É um projeto contra as professoras, contra as trabalhadoras rurais, contra as mais idosas", explicou. "Nós estamos nas ruas hoje para dizer que esse governo é a favor dos banqueiros, dos mais ricos, a favor da concentração da riqueza, é um governo anti-povo, anti-Brasil, é um governo entreguista".
O deputado também elogiou a unidade das centrais, dos partidos e dos movimentos que construíram o ato. "Esse é o primeiro passo, essa unidade vai derrubar esse governo. Nós não podemos ter um minuto de tristeza, um minuto de melancolia, nós vamos ocupar as ruas com alegria. O povo brasileiro já entendeu quem está do lado do povo e quem está do lado dos banqueiros".
Saiba mais: confira pronunciamento de Renato durante o ato.