Com a presença dos mestres José Stênio Silva Diniz (Mestre da Cultura - Xilografia/cordelista - Juazeiro do Norte) e da Cacique Pequena (Jenipapo Kanindé), iniciamos nossa Audiência Pública sobre a situação dos Mestres da Cultura Popular. Além dos mestres, a atividade contou com a presença do pesquisador Oswald Barroso, Carolina Ruoso (Coordenadora de Patrimônio da Secult-CE), Ana Cristina Moraes (PROEX - UECE), Olga Paiva (Pesquisadora). A Audiência foi requerida pelo parlamentar do PSOL, Deputado Estadual Renato Roseno.
"Quando eu fui chamado para ser mestre, pensei que ia acontecer mais coisas na minha vida, ia ser chamado para dar cursos, para expor, para multiplicar meus saberes em sala de aula, por exemplo, mas nada disso aconteceu. Temos ainda muitas fragilidades na cultura, precisamos de mais apoio, de estímulos e infraestrutura para trabalhar. Mais teatros, locais para exposição, atividades de formação e espaços para ensinarmos. Tem que botar os "cabras" para trabalhar, queremos repassar os nossos saberes - mas aí fica esse salário como se fosse um bolsa-família, a valorização não deve vir apenas como dinheiro, mas como trabalho e visibilidade", afirma o mestre Stênio.
"Eu, como mulher, sou a cacique da aldeia, e é muita responsabilidade cuidar da cultura daquele povo todo, de manter viva e repassar a nossa cultura", afirma a cacique Pequena, Jenipapo Kanindé.
"Esses mestres estão sempre em ameaças. E com eles, a nossa identidade, a nossa força, as nossas raízes. Daí, a importância dessa pauta. Queremos participar desse debate, ajudar a Secretaria de Cultura na melhoria dessa lei que irá passar por uma revisão. Nos propomos, inclusive, a colaborar com esse trabalho, seria interessante a realização, por exemplo, de um seminário", afirma o parlamentar, Renato Roseno.
"Não há falta de pagamentos propriamente, mas sim, um problema de regularidade, o que queremos é criar uma rotina de repasse, todo dia 10, por exemplo. Para aprimorar a lei, estamos instituindo um grupo técnico para a revisão dessa legislação. Vamos realizar algumas mesas de trabalho para que possamos ter um formato participativo. Percebemos a cultura como saber, como fazer, temos uma percepção da cultuar que nos é muita cara, a ideia da cultura como um saber fazer comum que mais que um viés civilizatório, tem um viés comunitário e solidário, a cultura como solidariedade. Os mestres da cultura sabem disse: passam os saberes para todos, o que ela sabe, ela sabe para todos. e temos a memória como criação", afirma o Secretário de Cultura do Ceará, Fábio Piuba.
Como encaminhamentos tivemos: a construção de um seminário sobre marco legal, avanço no orçamento, integração de políticas, revisão dos valores desse auxilio, como ele poderia ser maior; a integração entre as políticas dos mestres com os pontos de cultura, ver com a UECE em acelerar esses processos internos, fazer oficinas para valorizar mais os trabalhos; garantir um passe livre e mais integração das culturais e divulgação dos editais e pensar a melhoria dos auxílio de saúde.