A desastrosa política econômica adotada por Bolsonaro e Guedes, que fez explodir o desemprego, a inflação e a fome no Brasil, aprofundou o drama da população vivendo em situação de rua. Nas grandes cidades, a paisagem urbana está cada dia mais atravessada por essas pessoas: são famílias inteiras vivendo em desalento por calçadas, praças, viadutos e outros locais públicos, num drama socioeconômico que atinge crianças, jovens, adultos e idosos.
Em Fortaleza, os impactos desse quadro foram mapeados no Censo Geral e Pesquisa do Perfil da População em Situação de Rua, realizado em julho de 2021 pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS). Para discutir os números levantados pelo censo municipal e também avaliar as políticas voltadas a esse público no estado, a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia realiza nessa quarta-feira, às 15h, uma audiência pública no auditório Murilo Aguiar.
A audiência é resultado de requerimento do deputado estadual Renato Roseno (PSOL) e vai contar com a presença de representantes de secretarias municipais e estaduais, além do Comitê Estadual de Políticas Públicas para População em Situação de Rua (CEPOP), Ministério Público Estadual, Pastoral do Povo da Rua, Movimento Nacional de População em Situação de Rua, entre outros convidados.
Antes do censo de 2021, o último levantamento do tipo em Fortaleza havia sido feito em 2014. Naquele ano, foram contabilizadas 1.718 pessoas vivendo em situação de rua na capital cearense. Sete anos depois, foram pelo menos 2.653 pessoas identificadas na mesma situação, representando um aumento de 54,4%. O maior percentual de pessoas recenseadas ficou na faixa entre 31 a 49 anos, representando 49,1% da população em situação de rua. O segundo grupo com maior percentual de pessoas foi o da faixa entre 18 e 30 anos (25,5%).
"Isso revela o alto impacto da pobreza e desalento sobre a juventude", avalia Renato. "O percentual de adolescentes reduziu em relação ao censo de 2014, porém é evidente e preocupante a presença de crianças e adolescentes em situação de rua pois em 83 pontos eles foram encontrados acompanhados de adultos e em 14 pontos da cidade, foram encontrados sozinhos", completa o deputado, que também chama atenção para a situação da população negra.
"O impacto do racismo estrutural é evidente no perfil étnico-racial, tendo em vista que a soma de pretos e pardos alcançou 77% da população em situação de rua na cidade", pontua Renato. "A pesquisa também verificou que 30,8% da população em situação de rua está nessa condição há mais de 5 anos; 22,1% há mais de 1 e menos de 5 anos e 23,1% há menos de 6 meses. Ou seja, o grande aumento foi nos últimos 5 anos, o que mostra o reflexo da grave crise socioeconômica em curso, que ainda foi piorada pela crise sanitária em decorrência da pandemia".
SERVIÇO: Audiência pública "Censo geral da população de rua - impactos no Ceará" Quando: Quarta-feira (4) - 15h Onde: Auditório Murilo Aguiar - av. Desembargador Moreira 2807.