“O que é que a gente quer: a identificação precoce. Hoje diminuiu o câncer de mama – por que de diminuiu o câncer de mama? O câncer de mama não se alterou, o que se alterou foi a detecção precoce. A gente quer a mesma coisa – a identificação precoce de depressão, do transtorno bipolar, de esquizofrenia, de abuso de substâncias. E que esse grupo de pessoas tenha atendimento prioritário no Sistema de Saúde.”, afirmou, em entrevista, o professor e coordenador do Programa de Apoio à Vida (PRAVIDA), Fábio Gomes de Matos.
Na última quinta-feira (29), em alusão ao Setembro Amarelo, mês de conscientização e debate sobre a temática do suicídios, o mandato É Tempo de Resistência, em parceria com o PRAVIDA, realizou audiência pública, na qual foram discutidos mecanismos de redução dos índices de suicídios e o papel da imprensa e do estado na sua prevenção e redução.
No Brasil, a taxa de suicídios é estimada em 11.821 incidentes por ano. Esse número, no entanto, é considerado por especialistas como subestimado por causa da dificuldade e da resistência de famílias e autoridades quanto ao suicídio e todo estigma e preconceito que envolvem o tema. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), nove de dez casos de suicídio poderiam ser prevenidos.
“Tratar do suicídio como nós estamos tratando aqui é muito difícil, porque toca em uma série de tabus que precisam ser enfrentados! A política se esvazia de sentindo quando se isenta dos temas mais delicados. Não deveria haver tabu. Quando a política afasta determinados temas, eles passam a ser negligenciados – me parece que há uma negligencia história com a saúde mental.”, declarou, durante a audiência pública, o deputado Renato Roseno.
Em resposta à representante da Secretaria de Saúde do Governo do Estado, Aline Teles, o professor Fábio Gomes afirmou que o atendimento psiquiátrico e psicológico da rede pública de saúde está longe se ser satisfatório ou suficiente. “Difícil é a determinação política de um governo de priorizar a vida. Isso é difícil! A gente precisa fazer com que a nossa sociedade tenha políticas públicas para saúde mental”, declarou ainda.
Estiveram presentes na audiência movimentos sociais que debatem a questão da prevenção ao suicídio, como o Programa de apoio à Vida (PRAVIDA), o Centro de Defesa da Vida (CDV) e o Instituto Bia Dote de amor e paz. Além dos movimentos, entidades como o Núcleo de Saúde Mental da Secretaria de Saúde, o Centro de Assistência Toxicológica do IJF, representantes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) das regionais 2, 4 e 5 e do Corpo de bombeiros também se fizeram presentes.