Na estampa da camisa do líder do MTST, uma síntese do espírito que animou a militância presente aos atos dos quais o pré-candidato à presidência da República pelo PSOL participou em Fortaleza: "a democracia vai vencer a barbárie". Ao lado de Sonia Guajajara, pré-candidata a vice-presidenta, Guilherme Boulos esteve na cidade esta semana, entre quarta-feira e quinta-feira (4 e 5) fazendo o lançamento de sua pré-candidatura no Ceará e participando de encontros com movimentos sociais e de atos públicos em defesa da democracia e contra o avanço do fascismo.
"O golpe de 2016 foi se aprofundando e o Judiciário passou a funcionar como partido político, começou a fazer política passando por cima das garantias constitucionais. Ao mesmo tempo, nós vimos isso se elevar a um nível de violência política, estimulada por gente como Bolsonaro, um fascista que tem criado verdadeiras gangues de ódio no Brasil", afirmou Boulos durante encontro com lideranças sociais na tarde de quarta-feira, no auditório do Sintufce, no Benfica. "E agora estamos vendo esse contexto chegar a níveis ainda mais graves, como o assassinato cruel e bárbaro da Marielle e o atentando à caravana do ex-presidente Lula".
Para Boulos, a execução de Marielle foi um crime político, que, ao matar a vereadora carioca, tentou cala suas ideias. "A Marielle representa uma voz que o poder tenta a todo tempo silenciar, que é a voz da diversidade, das maiorias", defendeu. "O que eles não sabem é que nossas ideias são à prova de bala. Nossa melhor homenagem a Marielle é levar adiante as ideias pelas quais ela morreu e pelas quais ela viveu".
Também na quarta-feira, Boulos participou de ato no Centro de Fortaleza em defesa da democracia e contra as ilegalidade e arbitrariedades que marcaram o processo contra Lula. À noite, em ato no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) recebeu o título de cidadão fortalezense. Falando sobre a chapa do PSOL, disse que sua pré-candidatura junto com Sonia Guajajara nasce dos movimentos sociais e quer ser uma voz de indignação "que vem da sociedade para ocupar a política".
"Nosso objetivo é, diante desse verdadeiro abismo entre Brasília e o Brasil de verdade, levar a voz de indignação que o sistema político finge não ouvir. Ocupar a política com essa voz", enfatizou.
Infâmia - Para Renato Roseno, que acompanhou a agendas de Boulos na Cidade, o Brasil vive um período marcado por uma imensa infâmia por parte do Judiciário. "É uma infâmia que atinge não apenas o Lula ou o PT ou aqueles que um dia ocuparam o governo. Mas é o aprofundamento de muitas outras infâmias que acontecem diariamente nas periferias urbanas, nos territórios quilombolas e indígenas, nos assentamentos rurais, que é a negação dos direitos básicos previstos na Constituição".
Segundo o deputado licenciado, o comportamento recente do Judiciário, em particular do STF, reafirma a violência política que culminou no assassinato da vereadora Marielle Franco. "É a mesma violência que tirou um pedaço do nosso coração com o assassinato da Marielle, na execução dos meninos lá em Maricá, dos 60 jovens negros que são mortos todos os dias", afirmou. "O poder nos quer tristes e amedrontados. Nós não podemos ceder ao medo. Nós não podemos ceder ao pânico, à desilusão e à desesperança".
De acordo com Roseno, a esquerda tem hoje uma obrigação "do tamanho do mundo", que é a obrigação "de tirar força dessa infâmia que acontece todos os dias para produzir esperança". "Guilherme Boulos e Sonia Guajajara são hoje os nossos porta-sonhos, nós vamos juntos com eles falar que é possível vencer essa parada, que o jogo não está dado, nós não vamos ceder os direitos que foram conquistados pelas gerações anteriores. E nós não vamos nos tornar a sociedade do ódio, da intolerância e da violência".