Nossas crianças e adolescentes estão sendo mobilizados pelas mídias sociais para a prática de jogos com alto risco de lesões físicas e mesmo de morte, as chamadas "brincadeiras perigosas". Essa foi a denúncia central de uma audiência pública realizada na tarde da última quinta-feira, no complexo de comissões da Assembleia Legislativa, e que teve como tema "A problemática das ‘brincadeiras perigosas’ difundidas nas redes sociais". O requerimento foi da deputada estadual Bethrose Fontenele (PRP), presidente da Comissão da Infância e da Adolescência.
"Num tempo histórico em que a violência tem sido a linguagem difundida, é preciso recuperar o sentido de humanidade para essas crianças e para esses adolescentes", declarou, durante o encontro, o deputado estadual Renato Roseno. "Nós assistimos a ascensão de um populismo autoritário que permite, inclusive, o crescimento de ‘brincadeiras’ como essas", avaliou.
A audiência foi realizada pela Comissão de Infância e Adolescência, da qual Renato é membro, a partir de requerimento da deputada Bethrose, para discutir esses jogos, que incluem práticas “de não-oxigenação” ou “jogos de enforcamento”, nas quais crianças e adolescentes são levados, por meio de diversas técnicas, a cortar a passagem de ar para o cérebro, causando sequelas como aneurismas, amnésias, traumatismos, lesões cerebrais e até a morte.
Na ocasião foram discutidas estratégias para conhecer, compreender e prevenir as “brincadeiras perigosas”, missão do Instituto DimiCuida, criado em 2014 depois que um adolescente de 16 anos perdeu a vida praticando um jogo de desmaio. Para Demetrio Jereissati, fundador do Instituto, é preciso que tenhamos mais informações e dados sobre esse tipo de práticas.
Demetrio destacou também a necessidade de prevenção, mas não de pânico, como tem acontecido frequentemente, quanto à temática. “Nós temos que levar precaução, não a sensação de pânico. Vamos ficar atentos ao que está acontecendo, mas vamos ser também cautelosos sobre aquelas informações que a gente compartilha”, disse.
O papel da internet na difusão das “brincadeiras perigosas” também foi abordado na audiência. Segundo Fabiana Vasconcelos, psicóloga clínica e integrante do Comitê de Ciência e Educação do Instituto DimiCuida, é preciso que haja um acompanhamento por parte dos pais e/ou responsáveis das atividades das crianças e jovens na internet. Fabiana destacou ainda a urgência da formação dos pais, bem como de educadores, funcionários da rede de saúde e de segurança pública e dos próprios jovens sobre essas práticas que, apesar do nome, estão longe de serem brincadeiras. (Foto: assessoria de imprensa / AL)
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