Os problemas enfrentados pela população moradora do Caça e Pesca, especialmente pela falta de drenagem, foram debatidos durante audiência pública realizada em conjunto pelas comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal de Fortaleza nesta quarta-feira (13/11), no auditório João Frederico, no anexo II da AL.
O deputado Renato Roseno (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da AL, apontou que são necessários debates e ações para que a população não sofra com a aproximação da quadra chuvosa, que, no Caça e Pesca, representa doenças, alagamentos, danos materiais. “É um problema crônico na comunidade a falta de drenagem e de saneamento. É uma questão de infraestrutura, de meio ambiente e de saúde pública”, ressaltou.
A vereadora Larissa Gaspar (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, relembrou que acompanhou situações precárias na quadra chuvosa deste ano nas comunidades do Caça e Pesca, com o grande volume de água, prejuízos materiais, ruas alagadas, riscos de morte por choque elétrico. “A culpa não é das águas, é uma reação da natureza pelo descaso que o poder público tem com algumas áreas da cidade”, afirmou.
Entre os encaminhamentos da audiência estão agendamento de visitas à Superintendência do Patrimônio da União (SPU) no Ceará, à Regional II da Prefeitura de Fortaleza e à Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf). A representação da Cagece também se comprometeu a visitar as comunidades do Caça e Pesca para avaliar a situação de falta de água e de esgoto, com envio de encaminhamentos para as duas comissões legislativas nos próximos 15 dias.
Edson Pereira de Souza, morador do Caça e Pesca, ressaltou a "falta vontade" das gestões públicas em resolver a situação da comunidade nas últimas décadas. Ele questionou até quando a população vai sofrer com problemas de saúde, com a impossibilidade de levar as crianças para a escola, o risco com os postes que dão choque e com água de fossa na porta de casa.
Giliardison Santos, do movimento Caça e Pesca Unidos por um Sonho, lamentou a ausência de representantes da Prefeitura de Fortaleza na audiência, uma vez que eles poderiam ouvir os problemas das comunidades e encaminhar ações.
Domingos Sávio, representante da Cagece, ressaltou que o órgão atua nas áreas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, ficando a drenagem urbana como atribuição de outros órgãos, sendo essa intervenção importante para não sobrecarregar a rede de esgoto.
Padre Martinho, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), afirmou que a comunidade não está procurando caridade, mas exigindo direitos e justiça. Ele relembrou o sofrimento e perdas das pessoas do Caça e Pesca na última quadra chuvosa e, mesmo com pedido de ajuda, não houve ação da Prefeitura. “Estamos exigindo a drenagem, porque se não tiver, o povo vai sofrer de novo. A Prefeitura não pode dizer que não tem dinheiro. Quantas reformas foram feitas na Praia de Iracema, na Beira Mar? Tem dinheiro”, reiterou.
Durante a audiência, profissionais que trabalham no Caça e Pesca, assim como diversos moradores, compartilharam os problemas enfrentados, a falta de ação do poder público e as principais demandas da comunidade para efetivar direitos, cobrando assim ações da Prefeitura de Fortaleza.
Participaram ainda da audiência Nildes Alencar, da Escola Sol; João Alfredo, presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB-CE; padre Edcarlos Isaias de Souza, da Paróquia Santa Terezinha; pastor Marde, da Igreja Betesda, e José Lino Fonteles, do Núcleo de Habitação e Moradia da Defensoria Pública Geral do Estado. (Texto e foto: ASCOM-AL)