O grito coletivo veio na forma de 245 cruzes, representando os 245 assassinatos ocorridos no bairro no ano passado. Desse total, 45 foram de adolescentes entre 10 e 18 anos. Na V Caminhada Pela Paz, realizada na tarde de quarta-feira (30), moradores e moradoras do Bom Jardim pediam não apenas o fim desse ciclo de violência, mas reclamavam tudo aquilo que ajuda a gerar esse contexto de brutalidade: faltado saneamento, saúde, educação, habitação, qualificação urbana, etc.
“O abandono produz violência. E ele ainda é uma marca do Grande Bom Jardim. O que se alterou e ajuda a explicar o que estamos vivendo é o mundo do crime. Nessa ausência, outros atores, com poder, sobretudo baseado nas armas, têm ocupado o território”, avaliou o coordenador do Centro de Defesa da Vida Hebert de Souza, Caio Feitosa.
O evento foi organizada por associações e organizações que integram a Rede de Desenvolvimento Sustentável do Grande Bom Jardim. Dos dez bairros com menor renda da cidade, cinco estão localizados no chamado Grande Bom Jardim. Além de denunciar os homicídios e as condições de infra-estrutura do bairro, a caminhada pautou ainda temas como direito à cidade, exigindo a efetivação da Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) do Bom Jardim.
Para o deputado estadual Renato Roseno, que participou da caminhada, nos territórios marcados pelo luto, pulsa vida, há luta, alegria e arte. "O Bom Jardim tem muita beleza. Um território enorme que vem sendo estigmatizado como violento pela mídia e abandonado pelo Estado. Participar dessa caminhada é estar lado a lado com pessoas que resistem com arte e cultura pelo fim do extermínio da juventude", afirmou.