A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (CDHC) irá acompanhar o julgamento de Sérgio Brasil Rolim, acusado de liderar um grupo criminoso conhecido por “Escritório do Crime”, que seria responsável pela morte de sete mulheres na região do Cariri, há mais de 20 anos. A audiência acontece amanhã (25), a partir das 8h, no auditório da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em Barbalha.
O presidente da CDHC, o deputado estadual Renato Roseno, estará presente na sessão ao lado da advogada e assessora técnica da Comissão, Naira Caldas Filgueira. Também viaja para acompanhar o julgamento a ex-deputada estadual e historiadora Íris Tavares, que na época dos crimes presidiu a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa.
O caso
Entre maio de 2001 e março de 2002, sete mulheres foram assassinadas nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Brejo Santo e Araripe. Na época, as investigações da Polícia Civil apontaram que todas as vítimas foram violentadas antes de serem mortas. Alguns destes crimes seriam “queima de arquivo”, já que algumas delas sabiam da existência do “Escritório do Crime”, grupo que praticava assaltos, homicídios e roubos de cargas.
O ex-bancário e comerciante de automóveis de Juazeiro do Norte, Sérgio Brasil Rolim, é acusado de ser o principal mentor da organização criminosa. Os assassinatos das mulheres aconteceram em diversas partes da região, mas a investigação da Polícia Civil mostrou ligação entre eles. Inclusive, o laudo cadavérico de uma delas concluiu que uma das mulheres foi queimada ainda com vida.
Atuação da Comissão
Desde a época dos crimes, a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa (CDHC) vem acompanhando os casos. A ex-presidente Íris Tavares esteve como os familiares das vítimas e recebeu as demandas de entidades e movimentos sociais de mulheres organizadas da região. “A crueldade era muito grande e semelhante contra elas”, lembra a professora Mara Guedes, vice-presidente do Conselho da Mulher Cratense.
O principal acusado, Sérgio Brasil Rolim, já foi condenado a 118 anos de principal por outras cinco mortes e dois casos de estupro. Agora, é a vez do júri ouvi-lo pelas mortes de Maria Aparecida e Vaneska. Seus corpos foram encontrados na zona rural com marcas de violência sexual. “Desde que assumimos a Comissão de Direitos Humanos, demos continuidade ao acompanhamento dos desdobramentos destes assassinatos de mulheres do Cariri”, enfatiza Renato Roseno.
Ano passado, no dia 31 de agosto, uma audiência pública foi realizada pela CDHC para debater o caso. Como um dos encaminhamentos, o juiz de Barbalha foi oficiado para dar celeridade no julgamento, pois havia risco de prescrição. Na época, os crimes completavam 20 anos. “Agora, no segundo semestre deste ano, também tivemos tratativas com o TJCE para agilizar o julgamento dos recursos e evitar a prescrição”, completa o parlamentar.
O julgamento foi agendado para o dia 25 de novembro, pois é data marca o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher. “Simbolicamente, também é um momento muito importante para as entidades e mulheres do Cariri que lutam contra a violência de gênero naquela região”, finaliza Roseno.