Para onde e para quem vai mesmo a água no Ceará? Enquanto um cearense consome em média 128 litros de água por dia, uma única empresa, a siderúrgica, vai gastar 1.500 litros, em apenas um segundo, quando estiver em operação. A termelétrica já consome 1.000 litros, também por segundo. A refinaria iria consumir outros 1.000 litros nessa mesma fração de tempo.
"Somando o consumo dessas três empresas, dariam 3.500 litros por segundo, o consumo humano de água de toda a cidade de Fortaleza", denunciou o deputado Renato Roseno (PSOL), em sessão especial nesta sexta-feira, 27 de fevereiro, na Assembleia Legislativa do Estado, sobre a avaliação das ações de convivência com a seca.
"O consumo humano não é o grande responsável pela crise hídrica. Nossa crítica é ao modelo econômico impulsionado nas últimas décadas no Ceará", apontou o deputado, questionando a atração de empreendimentos, que consomem muita água, para um estado que tem 90% do seu território no semiárido.
Das três empresas citadas, uma, a termelétrica, já está funcionando desde 2012 no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, município da Região Metropolitana de Fortaleza. A siderúrgica está prestes a começar a operar, também na mesma área. E a refinaria, que seria implantada no mesmo complexo, teve o projeto cancelado pela Petrobras, em janeiro de 2015.
A termelétrica do Pecém consome 6% das águas outorgadas pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Enquanto apenas 7% das concessões do uso de água são para o abastecimento humano, 11% vão para a indústria e 77% para a agricultura irrigada.
O secretário de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional, Irani Braga, que participou da sessão especial, afirmou que o Governo Federal tem se preocupado com a eficiência hídrica e energética na irrigação e a reformulação dos perímetros irrigados. Segundo ele, o Ministério da Integração Nacional tem estimulado o uso de tecnologias para economia no uso de água.