Na última quarta-feira, 18, a comunidade de Coqueiros, em Caucaia, se manifestou contra a realização das obras de extração da água do Lagamar do Cauípe pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh). A população impediu a realização dos trabalhos, que prevêem a perfuração de poços e aproveitamento do aquífero Dunas/Cumbuco para abastecer o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), e não permitiu a abertura das covas para tubulação. A Cogerh acionou viaturas da Polícia Militar e houve tensão com a comunidade.
O projeto atinge cerca de 27 comunidades da região, incluindo Angico, Coqueiros, Cristalina, Pitombeira, Primavera, Planalto Cauipe, São Pedro, entre outras. A preocupação dessas populações está ligada à ameaça à segurança hídrica das comunidades, que impacta a geração de trabalho e renda, a segurança alimentar - pelo impacto sobre a atividade de produção de alimentos-, e a biodiversidade. As comunidades levaram o caso ao Ministério Público do Estado e agendaram uma reunião para a próxima segunda-feira, 23.
"Essas comunidades manifestam suas preocupações relativas à manutenção das atividades econômicas essenciais aos seus modos de vida, que se vêem ameaçadas com a previsão das vazões a seres retiradas do aquífero Dunas/Cumbuco e Lagamar do Cauípe e destinadas ao CIPP", avalia Renato Roseno. "Esse cenário resulta em uma iminente situação de insegurança e injustiça hídrica", afirma o deputado, que apresentou requerimento de audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir o tema.
Segundo Renato, o processo de licenciamento das obras considerou tão somente o município de São Gonçalo do Amarante enquanto a prefeitura de Caucaia, onde se encontra a APA estadual do Cauípe, não autorizou as obras em função dos impactos da extração da água. "As comunidades acreditam que os múltiplos impactos da extração de água foi subavaliada e se preocupam com suas repercussões sobre pequenos empreendimentos que vivem da relação com o espelho d´água, em um turismo de pequena escala", defende Renato. "Há ainda agricultura, pesca e outras atividades que serão impactadas, além da preocupação com a salinização das águas subterrâneas pela intrusão salina".