"Porque essa terra é nossa, dos homens trabalhadores". A recepção foi com uma apresentação do grupo Balanço do Coqueiro, do Assentamento Maceió, de Itapipoca, tocando e dançando música típica da comunidade. O Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra) promoveu na noite dessa quinta-feira, 8 de outubro, uma Conversa de Quintal sobre "Juventudes: Direito de Viver no Campo e na Cidade".
O bate-papo sobre juventudes, direitos e as vulnerabilidades nos centros urbanos e na zona rural foi realizado no Quintal das Margaridas, na sede do Cetra, no bairro São João do Tauape, em Fortaleza. A organização desenvolve projetos relacionados à convivência com o semiárido com base na agroecologia e na socioeconomia solidária, com prioridade para as relações igualitárias de gênero e geração.
A prosa discorreu sobre como a educação é importante no processo de construção de juventudes que buscam seus direitos. E teve participação do adolescente Vinícius Ferreira, da organização O Pequeno Nazareno, do jovem Breno Veríssimo, morador do Assentamento Várzea do Mundaú, de Trairi, e do deputado estadual Renato Roseno (PSOL).
"Esse pessoal pensa que só porque eu só pobre e negro, sou bandido. Sofro muito preconceito. Eu não sou futuro, eu sou presente e quero fazer muitas coisas boas na vida", afirmou Vinicius Ferreira, adolescente aprendiz da Associação Beneficente O Pequeno Nazareno, uma instituição não governamental que atende crianças em situação de moradia nas ruas.
"Tenho muita alegria em ser jovem, de ter um monte de gente bacana comigo, de saber sobre economia solidária, de saber dos danos dos venenos (utilizados na agricultura), de ter muitos saberes comigo e ter a sabedoria dos mais velhos comigo", avaliou Breno Veríssimo, estudante de Agronomia na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
A geração, a cor e a origem fazem toda a diferença na sociedade. "As questões de gênero, de raça, as geracionais e as de classe, todas essas se somam e, assim, temos pouco cuidado com a cultura geracional, reproduzimos opressão contra os mais jovens e os mais idosos. Se o poder passasse ali, ele seria branco, heterossexual, rico... Ele não seria jovem", apontou o deputado estadual Renato Roseno.
A ideia de poder também está vinculada a uma determinada idade. "Essa sociedade é baseada na mercantilização de tudo, na produção e no consumo. É quase impossível falar de juventude no singular, existem várias: as indígenas, as negras, as urbanas. E faltam políticas que protejam e garantam direitos. Esses jovens acabam vivendo em conflitos, em áreas de exclusão, e morrem em territórios que carecem de políticas públicas”, concluiu o parlamentar do PSOL.
Conversa de Quintal é uma iniciativa que promove encontros e discussões sobre temas de grande relevância. Entre tantas outras oportunidades, o Quintal das Margaridas já serviu de espaço para o debate "Comida de verdade, no campo e na cidade", que foi facilitado pela professora Helena Selma, da Universidade Federal do Ceará (UFC); reuniu gerações para uma prosa sobre "Juventude rural e os desafios da afirmação da identidade camponesa"; e recebeu Sara Ortins e Leidiano Farias, do Comitê Estadual do Plebiscito Popular.