"Se já não tivessem bulido com nossa água 30 anos atrás a gente tava bem melhor", diz Seu Adão, 76, morador da Pitombeira, em Caucaia. 27 comunidades serão impactadas pelo projeto do Governo Camilo que vai retirar 200 litros de água por segundo do Lagamar do Cauipe, em Caucaia, para abastecer o Complexo do Pecém. "Em troca", seriam construídos poços artesianos. Cauipe tem uma peculiaridade: para além da segurança hídrica, estão em risco soberania alimentar, trabalho e renda de pequenos negócios no turismo, pesca e agricultura de vazante e, além de tudo, a intrusão salina (a "língua salina" que pode entrar nos lençóis freáticos). Na manhã do último sábado, estivemos sob o alpendre do Seu Zeca, na comunidade Coqueiro, para debater os impactos e as formas de resistência a mais um ataque de um modelo de desenvolvimento destrutivo. O Ceará tem experiência e conhecimento de sobra para saber que a atração de indústrias hidrointensivas foi e é um erro grotesco. A água que vai para essas indústrias (que têm alto nível de automação, portanto pouca capacidade de geração de empregos diretos) vai faltar paras as comunidades. É necessário pensar e apoiar alternativas a esse "modelão" de mais de 60 anos. As mudanças climáticas não são uma hipótese. São realidade. Sobram injustiça hídrica, expulsão das comunidades, insegurança alimentar, concentração de riqueza. Definitivamente, não vale a pena. Queremos alternativas inclusivas, justas e sustentáveis.
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Crise hídrica: comunidade do Cauipe em alerta contra projetos hidrointensivos
Tweet18/09/17 11:21
Áreas de atuação: Meio ambiente