Dia da Consciência Negra: celebrar a resistência contra as opressões, as desigualdades e o racismo

20/11/15 17:33

Mulheres e homens negros de mãos erguidas ou com faixas e cartazes durante manifestação pública

Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o mandato do deputado estadual Renato Roseno (PSOL) se soma ao Setorial de Negras e Negros do partido para reforçar o coro contra o racismo. "A nossa revolução será preta, ou não será! Nossa luta contra todas as opressões, a nossa cor pede passagem. A luta de classes é a luta da raça negra! Somos Zumbi, somos Dandara", afirma a nota do setorial, em referência a Zumbi dos Palmares, último líder do maior dos quilombos do período colonial, o Quilombo dos Palmares, e a Dandara, apontada também como uma guerreira negra, companheira de Zumbi.

O Dia da Consciência Negra foi criado em 2003 e instituído nacionalmente, por lei, em 2011, como homenagem ao herói negro, morto no dia 20 de novembro de 1695, após se revelar um guerreiro e organizador militar contra a opressão das tropas portuguesas no Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, na então Capitania de Pernambuco, uma região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas.

"Nossa homenagem e solidariedade aos negros e negras que lutam e resistem bravamente, nas cidades, no campo, nas periferias, nos movimentos, nas ruas, aos que gritam contra toda opressão, pelo fim do racismo e pelo bem viver. Lembramos das mulheres negras que sofrem com as violências cotidianas, dos jovens pobres e negros que estão sendo executados nas periferias, dos que seguem invisibilizados. Nós, descendentes de Zumbi e Dandara, seguimos juntos pela vida, contra o extermínio da juventude pobre e negra! Por mais direitos", conclui a nota do Setorial de Negras e Negros do PSOL Ceará.

Ainda convivemos com o racismo, as opressões e desigualdades entre negros e brancos, 320 anos depois da morte de Zumbi dos Palmares (1695), 127 anos depois da abolição da escravatura no Brasil (1888) e 131 anos depois da abolição da escravatura no Ceará (1884), pois o Estado se antecipou ao País em quatro anos, libertando os escravos do território cearense. O trabalho escravo é uma peste, que atinge mais os negros; o racismo institucional impede ou dificulta o acesso dos negros ao sistema de Justiça e aos serviços públicos, como o Sistema Único de Saúde.

A desigualdade racial se revela também nas dificuldades de acesso à educação e à permanência na escola e na universidade, nas dificuldades de acesso ao mercado de trabalho e nas diferenças salariais. “Todos os indicadores socioeconômicos apontam para a desigualdade racial”, observa o deputado estadual Renato Roseno. Entre os direitos violados está o principal deles, que é o direito à vida. “Precisamos fortalecer a luta contra o extermínio da juventude negra e contra a violência que atinge as mulheres negras”, defende o parlamentar do PSOL.

Iniciativas do mandato

Por iniciativa do mandato, duas audiências públicas já foram realizadas na Assembleia Legislativa para tratar de questões específicas da população negra, uma para debater a situação dos territórios quilombolas no Ceará e outra sobre a Marcha Mundial das Mulheres Negras, realizada na última quarta-feira (18), em Brasília.

Uma outra audiência pública, primeira realizada por iniciativa do mandato, discutiu um problema que atingia principalmente negros: o corte de bolsas do Programa Nacional de Assistência Estudantil na Unilab - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, que dificultava o acesso a direitos básicos, como alimentação, moradia e transporte, para 361 estudantes brasileiros ou estrangeiros vindos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Zumbi e o Quilombo dos Palmares

1600

Negros fugidos do trabalho escravo nos engenhos de açúcar da Capitania de Pernambuco fundam na Serra da Barriga o quilombo de Palmares. Para os escravos, Palmares é a Terra da Promissão, o que fez com que chegasse a ter uma população de cerca de 30 mil pessoas.

1630

Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro.

1644

Tal como antes falharam os portugueses, os holandeses falham na tentativa de aniquilar o quilombo de Palmares.

1654

Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro.

1655

Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares. Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados e dado ao padre António Melo. Batizado com o nome de Francisco, ele é instruído em português e latim e a ajudar nas missas.

1670

Zumbi foge e regressa a Palmares.

1675

Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar.

1678

Como a Pedro de Almeida, governador da Capitania de Pernambuco, mais interessa a submissão do que a destruição de Palmares, ele propõe ao chefe Ganga Zumba a paz e a alforria para todos os quilombolas. Ganga Zumba aceita, mas Zumbi é contra, pois não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos.

1680

Zumbi impera em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas.

1694

Apoiados pela artilharia, Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares. Embora ferido, Zumbi consegue fugir.

1695

Denunciado por um antigo companheiro, Zumbi é localizado, preso e degolado no dia 20 de novembro.

Áreas de atuação: PSOL, Raça e etnia