No Dia da Juventude, 22 de setembro, o mandato do deputado estadual Renato Roseno (PSOL) se junta a tantas outras vozes para reafirmar que os jovens querem viver e precisam de mais oportunidades em todo o território nacional. O parlamentar esteve, nesta terça-feira, no Grande Bom Jardim, em Fortaleza, para falar sobre as vulnerabilidades e o extermínio da juventude, durante a Conferência Livre de Juventudes, uma atividade promovida pela organização não governamental Visão Mundial,
Em Fortaleza, a realidade para os jovens se apresenta com maior gravidade, pois é a capital brasileira com o mais alto Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). Para cada grupo de mil adolescentes, entre 12 e 18 anos, a capital do Ceará tem 9,92 jovens assassinados, de acordo com o mais recente levantamento, apresentado em 2015, com dados até 2012.
Os números, divulgados pelo Governo Federal, fazem parte da 5ª edição de levantamento elaborado pelo Programa de Redução da Violência Letal, realizado pelo Laboratório de Análise da Violência (LAV), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). O índice de Fortaleza é 74% superior ao registrado em 2011, quando era de 5,71.
A situação é ainda píor se comparada a sete anos atrás, quando a cidade tinha taxa de 2,35 adolescentes vítimas de homicídios em um contingente de mil na mesma faixa etária. Se, entre 2005 e 2012, o índice de Fortaleza saltou de 2,35 para 9,92, no mesmo período houve queda em Recife, de 7,12 para 3,74, no Rio de Janeiro, de 5,52 para 2,06, e em São Paulo, de 1,90 para 1,69.
Depois de Fortaleza, o município cearense com maior taxa, 8,81, é Maracanaú, na Região Metropolitana. Na sequência, entre as cidades do Ceará, aparecem Caucaia, com 4,67, Sobral, com 3,85, Juazeiro do Norte, com 3,12, Crato, com 2,14, e Itapipoca, com 1,63. Entre as unidades da federação, o Ceará ocupa o terceiro lugar no ranking, com 7,74 adolescentes assassinados para cada grupo de mil. Em primeiro lugar, encontra-se Alagoas, com 8,82, seguido da Bahia, que tem um índice de 8,59.
Os pesquisadores também fizeram uma projeção, estimando o número de homicídios de adolescentes nos próximos anos, caso não mude o contexto de violência em que estão inseridos. Em Fortaleza, 2.988 adolescentes de 12 a 18 anos seriam assassinados, compreendendo o período de 2012 a 2019. Se comparada ao Rio de Janeiro, por exemplo, a capital do Ceará pode perder o dobro de adolescentes em sete anos, mesmo a população na faixa etária sendo menor que a metade da registrada na capital fluminense.
Para o levantamento, foram estudados 288 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. No Brasil, o Índice de Homicídios na Adolescência ficou em 3,32. Acima da média nacional, entre as regiões, estão Nordeste, com 5,97, Centro-Oeste, com 3,74, e Norte, com 3,52. No Sul e no Sudeste, os índices estão abaixo da taxa do País, com 2,44 e 2,25 adolescentes assassinados para cada grupo de mil, respectivamente.
O Índice de Homicídios na Adolescência é calculado a partir de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do banco de dados do Sistema Único de Saúde (DataSUS), em um convênio com o Observatório das Favelas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.