Fortaleza é a cidade que mais mata jovens no país. Recentemente tivemos a maior chacina do Estado do Ceará. O discurso inicial da imprensa tentando legitimar as mortes foi que os que foram assassinados eram envolvidos com drogas. A guerra às drogas prende e mata, sobretudo na periferia. São mais de 100 anos desta política proibicionista e que até hoje jamais conseguiu cumprir o impossível objetivo de extinguir as drogas. Motivados por isso e pela proximidade da Marcha da Maconha, que acontece em Fortaleza neste domingo (29), o tema deste Diálogos em Rede foi “Política de Drogas: repressão não é a solução”.
Participaram do debate o militante e organizador da Marcha da Maconha em Fortaleza, Lucas Moreira Vitor, o deputado estadual Renato Roseno e Nadja Carvalho, militante do coletivo RUA e da Rede Nacional de Coletivos e Ativistas pela Legalização (RENCA). “A guerra às drogas serve a uma limpeza étnica. A seletividade dessa guerra é importante de se pensar. Além disso, o investimento feito nos aparelhos de repressão aumenta a população carcerária – no Brasil, onde há essa política de repressão às drogas, nós temos a 4ª maior população carcerária do mundo”, afirmou Nadja.
“A guerra às drogas nasce no contexto do extermínio: era jovem, negro, pobre e morreu? Era usuário. E usuário não tem direito, pode morrer com 11 tiros na cabeça. E os programas policiais legitimam isso, esse extermínio. A gente defende a legalização também por defender um maior diálogo sobre o assunto. A legalidade se sustenta na falta de informação. A regulamentação abre esse caminho pro diálogo, para o debate.”, defendeu Lucas Moreira. “O que nós estamos propondo é, sobretudo, garantia do direito à saúde, que só pode ser assegurado pelo Estado com a regulamentação para uso recreativo, medicinal e qualquer outro uso”, concluiu Renato Roseno.