A Diocese de Limoeiro do Norte divulgou, no último mês de abril, nota em solidariedade ao acampamento Zé Maria do Tomé, cujos moradores estão ameaçados de despejo por uma decisão da Justiça Federal. Segundo a congregação, a decisão do juiz da 15a. Vara Federal, Bernardo Lima Vasconcelos, que estabelece o próximo dia 15 de maio como prazo final para a desocupação, ameaça a vida e o futuro das famílias instaladas no assentamento e causa "surpresa e tristeza", pois além de negar o direito à terra e à água, interrompe o processo de regulamentação da concessão de uso da terra em favor das famílias. Para Renato Roseno, a intransigência do DNOCS, que pediu a reintegração de posse, pode causar uma grande tragédia no local.
"Convidamos os cristãos e todas as pessoas a se unirem às famílias acampadas para fortalecer sua luta, garantir sua resistência e impedir qualquer tipo de violência contra elas", diz a nota da Diocese, assinada por Dom José Haring, bispo diocesano de Limoeiro do Norte. No documento, o bispo faz um apelo ao juiz federal para que a decisão seja revista, como forma de garantir que as famílias assentadas possam continuar vivendo com dignidade.
O acampamento Zé Maria do Tomé leva o nome do agricultor e ambientalista assassinado em 2010, com mais de 20 tiros, por conta de seu envolvimento na luta contra a pulverização aérea de agrotóxicos na região. A ocupação aconteceu no dia 5 de maio de 2014, quando centenas de famílias da Chapada do Apodi, organizadas pelo Movimento dos Sem Terra e com apoio da Diocese e de várias entidades e organizações sociais, ocuparam uma área do perímetro irrigado Jaguaribe-Apodi, pertencente ao DNOCS. "São famílias que lutam por terra e água para trabalhar, sustentar seus filhos e ter uma vida digna" define a nota da CPT.
A Diocese alerta para o risco de aumento da violência na região por conta da decisão do juiz. "Convidamos os cristãos e todas as pessoas a se unirem às famílias acampadas para fortalecer sua luta, garantir sua resistência e impedir qualquer tipo de violência contra elas", diz o texto (confira a íntegra da carta em http://bit.ly/2qnKioc).
Em pronunciamento na manhã desta terça-feira no plenário da Assembleia Legislativa, Renato Roseno fez um apelo ao DNOCS, que é proprietário da área ocupada, para que o órgão reveja o pedido de reintegração de posse. "A intransigência do DNOCS nesse episódio pode levar a uma tragédia. Eu faço um apelo aos deputados que têm relação com o DNOCS para que possamos evitar isso. Essa reintegração de posse é absurda", defendeu Renato. (Foto: Frida Popp)