O açude Santo Anastácio está agonizando. Uma visita técnica realizada pela Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa na última quinta-feira, 5, verificou a acentuada degradação do reservatório, um dos mais antigos de Fortaleza, construído ainda na década de 10 do século passado e que hoje está gravemente ameaçado pela poluição, pelo lixo e pelo lançamento clandestino de esgoto.
A visita, coordenada pelo deputado estadual Renato Roseno (PSOL), identificou que o canal da Bela Vista, um dos bairros que contorna o açude, recebe efluentes de esgoto doméstico de dezenas de casas e que existem ligações clandestinas de esgoto sendo canalizadas para a galeria das águas de chuvas (pluvial). Além disso, cerca de duzentas casas ao longo do trecho que vai da Parangaba ao açude Santo Anastácio não possuem acesso ao esgotamento sanitário.
“A enorme quantidade de lixo dispensado no local também contribui para a degradação do açude”, afirma Renato, que, durante a visita, esteve acompanhado de integrantes da equipe técnica da Comissão de Meio Ambiente, de representantes da CAGECE e da SEUMA, e da professora Helena Becker, do Departamento de Química Analítica e Físico-Química da UFC.
Construído em 1918, pelo represamento do Riacho Alagadiço Grande, efluente da Lagoa de Parangaba, inserida na bacia do Rio Maranguapinho, o açude é contornado pelos bairros do Padre Andrade, Presidente Kennedy, Parquelândia, Amadeu Furtado, Bela Vista e Pici. Entre os anos de 2006 e 2011, o reservatório perdeu 2,6 metros de profundidade e hoje se encontra em avançado processo de assoreamento, registrando, inclusive, altas concetrações de metais tóxicos em seus sedimentos.
“Uma carga muito alta de poluição doméstica contribui para a eutrofização do açude, o que ocasiona a superprodução de plantas aquáticas, que têm de ser removidas sistematicamente”, afirmou Renato, que, junto com as instituições que participaram da visita, definiu alguns encaminhamentos para tentar resolver a situação do açude.
Entre as medidas, o grupo vai tentar identificar programas de habitação de interesse social que possam permitir a construção de casas para aquele(a)s que ocupam hoje a parede do canal da Bela Vista, contribuindo com a poluição por esgotos domésticos. Também vai definir um cronograma de vistorias e fiscalização para estimular as famílias a fazer a ligação com a rede de esgotamento e coibir com as ligações clandestinas com a galeria pluvial.
Por fim, ficou definida a limpeza sistemática de resíduos sólidos do canal da Bela Vista e a promoção de um programa de educação ambiental, com divulgação dos efeitos do saneamento ambiental para a qualidade de vida da população local e para a integridade das funções ecológicas do açude Santo Anastácio. (Foto: Livia Soares)