Em cerimônia de muita emoção, realizada na Aldeia do Jenipapo-Kanindé, na localidade de Lagoa da Encantada, no município Aquiraz, foi entregue o Título Honorífico de Cidadão Cearense ao secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano dos Santos Piúba. A sessão solene, requerida pelo deputado Renato Roseno (Psol), ocorreu na última quarta-feira (14).
Natural de Seridó, no Rio Grande do Norte, Fabiano Piúba mudou-se para o Ceará aos 16 anos, se notabilizando enquanto professor, escritor, historiador e gestor cultural, sendo inclusive secretário de Cultura do Estado, entre 2016 e 2022, e presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura.
“O Título é uma homenagem que o Legislativo dá àqueles que tornam o Ceará uma terra melhor. O Fabiano, por sua inquietude, por sua contribuição gigantesca em nos fazer olhar no espelho e ver como somos ricos culturalmente, merece esse título”, defendeu Renato Roseno.
Na visão do parlamentar, a entrega da homenagem na Aldeia Jenipapo Kanindé, local escolhido por Piúba, é muito simbólico. “Nada melhor do que fazer isso aqui, na frente de uma mestra da cultura [referindo-se à cacique Pequena]. O Ceará deve muito a ele [Fabiano], como gestor cultural, compositor, escritor e fica uma terra ainda melhor tendo como cearense Fabiano Piúba”.
Outro detalhe importante é que o município de Seridó, de onde vem Piúba, é uma terra de origem Tapuia, assim como o povo Jenipapo-Kanindé. “O título é um reconhecimento do Poder Legislativo à ancestralidade indígena e à grande contribuição que o homenageado deu à Cultura do Estado do Ceará”, completou Roseno.
Além de ser um solo sagrado para os povos originários, o homenageado fez questão de viver esse momento na aldeia por ter sua líder máxima, Cacique Pequena, como sua mãe adotiva. “O Ceará está em mim desde minha mais infância. Meu lugar de origem em Fortaleza é a Aerolândia, quando eu vim para cá aos 16 anos. Morei em 11 bairros em Fortaleza até conseguir comprar uma casa na Maraponga. O Ceará, para mim, tem muito a ver com uma identidade, não só cultural, territorial, mas espiritual também”, compartilhou Piúba.
Trajetória
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), Piúba ocupa atualmente a função de secretário de Formação, Livro e Leitura no Ministério da Cultura (MinC).
No MinC, ele já foi diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (2009-2011 e 2014) e secretário substituto da Secretaria de Articulação Institucional (2008-2010), além de ter atuado como coordenador de Articulação Federativa do Programa Mais Cultura em 2008. Antes disso, entre 2012 e 2013 esteve como diretor de Leitura, Escrita e Bibliotecas do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe (Cerlalc) da Unesco, com sede em Bogotá, na Colômbia.
Durante sua gestão na Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), Fabiano Piúba promoveu encontros com representantes dos povos indígenas Pitaguary, Anacê, Jenipapo-Kanindé, Tabajara, Potiguara, Gavião, Tremembé e Kanindé, além de instituições como a Associação para Desenvolvimento Local Coproduzido (Adelco), Vila das Artes e historiadores ligados aos museus indígenas do Ceará. Essas iniciativas tiveram como objetivo aproximar o Executivo das demandas desses povos, especialmente nas áreas de memória, festividades, literatura, artesanato, saberes tradicionais, tecnologia e medicina.
Em novembro de 2018, ainda durante sua gestão, a Secult promoveu o XII Encontro Mestres do Mundo, em Aquiraz (CE), evento do qual a Mestra da Cultura Indígena Cacique Pequena, natural daquele município, foi anfitriã. Mestra Pequena guiou os participantes em uma “caminhada nativa sob a flor do Jenipapo”, para a transmissão de saberes, junto ao seu povo Jenipapo-Kanindé.
Mais recentemente, em 2022, Piúba foi curador, juntamente com Ailton Krenak, do seminário "Desnaturada - Cultura & Natureza". Durante o evento, houve a apresentação do Coral Nheengari Sambokar, composto por crianças indígenas da aldeia Jenipapo-Kanindé, seguida de um Toré com povos indígenas do Ceará, no Teatro Dragão do Mar.