"O problema da escassez hídrica não é um problema somente da ausência de regularidades de chuvas. Nós somos uma região semiárida que, portanto, deveríamos ter uma gestão de recursos hídricos adequada ao nosso clima, aos nossos ecossistemas. Portanto, foi um erro gigantesco, que as atuais e futuras gerações estão e estarão pagando, atrairmos ao Estado do Ceará atividades econômicas como as termelétricas ou a siderúrgica, que estão a consumir hoje mais de 1 mil litros por segundo, no caso das termelétricas; com a siderúrgica, mais 1 mil e 500 litros de água por segundo", questiona o deputado estadual Renato Roseno.

O parlamentar do PSOL cobrou em plenário nesta quinta-feira (8) uma posição firme do Governo do Estado para que dê prioridade ao abastecimento humano. Efetivados no ano que vem, esses dois empreendimentos chegarão a usar 12% da água que é consumida por toda a população do Ceará. "Isso é de uma irresponsabilidade sem tamanho, um erro de planejamento gigantesco". E acrescentou que temos o agravante da utilização do carvão mineral como fonte de energia por tais empresas. "Pra quem não sabe: cada milhão de tonelada de carvão mineral libera cinco milhões de toneladas de gás carbônico, agravando, portanto, as mudanças climáticas, que, ao fim e ao cabo, causam eventos extremos, como as estiagens, as secas, que hoje nós vemos".

Renato Roseno também questionou que a gestão de recursos hídricos no Ceará permita que o setor do agronegócio consuma tanta água e ainda polua nossos mananciais com veneno da pulverização aérea e cobrou uma posição também dos colegas parlamentares. "Ainda hoje, no Ceará, sobretudo o setor do agronegócio está consumindo muita água e poluindo água com veneno. Portanto aos deputados, sobretudo aqueles que desavisadamente estão defendendo esse setor, ele está consumindo muita água e usando muito veneno. Nós cobramos ao Governo do Estado do Ceará: ou tomamos a decisão agora ou amargaremos lá na frente".

Repercutindo notícias dos jornais locais sobre a estiagem prolongada no Ceará, o deputado disse que tem visitado todo o Estado e constatado in loco as dificuldades enfrentadas pela população para ter acesso à agua. "Somos obrigados a cobrar da gestão de recursos hídricos uma posição mais firme com relação à manutenção de água pra essas atividades econômicas: ou vai ter água pra algumas atividades que são hidrointensivas ou vai ter água pro povo. Não podemos mais adiar essa decisão".