"Isso é uma irresponsabilidade: o custeio das três universidades públicas do Ceará, juntas, não ultrapassa a casa de R$ 32 milhões. E só a publicidade do Governo custa R$ 45 milhões. Pior que isso? A Uece já está com R$ 7 milhões em dívidas. É esse o Ceará de hoje. E digo: senhor Camilo Santana, cumpra a sua palavra. Hoje as universidades estão à míngua, com cortes de custeios da ordem de 20%. Dos 120 concursados, nenhum foi convocado até agora, 21 concursados de 2012 não foram chamados. Pior que isso: 160 processos de progressão funcional não foram implantados. O governador demonstra, assim, um desprezo à universidade pública do Ceará", afirmou o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), durante pronunciamento nesta terça-feira, 1º de dezembro, na Assembleia Legislativa do Ceará.
De acordo com as seções sindicais, para a Universidade Vale do Acaraú (UVA), o corte é de aproximadamente R$ 700 mil, garantido um custeio de R$ 3,5 milhões. Na Universidade Regional do Cariri (Urca), a redução de recursos é de cerca de R$ 1,5 milhão, ficando um custeio de R$ 6,3 milhões. Para a Universidade Estadual do Ceará (Uece), o corte chega a R$ 3 milhões, e o custeio fica em R$ 22 milhões.
"Precisamos de mais universidades, de mais educação, de mais ciência, de mais saber. Por isso, lutamos pelas universidades públicas, democráticas e de qualidade, a serviço das maiorias dos trabalhadores. Além do ensino, as universidades são estratégicas para a pesquisa. Há muitos motivos para defendê-las", argumentou o parlamentar do PSOL.
Renato Roseno questionou que o governador Camila Santana não tenha cumprido o compromisso, firmado em janeiro, de realizar concurso emergencial, tendo em vista 789 vagas de professores em aberto. "Estamos no dia 1º de dezembro, e estou falando de um compromisso que o governador fez em janeiro". O deputado continuou listando uma série de pendências do Governo do Estado relacionadas às universidades públicas estaduais. "Há 21 aprovados de 2012 que nunca foram chamados. Há 160 processos de ascensão funcional e estágio probatório parados. O campus de Itapipoca está licitado desde julho, estamos em dezembro e a ordem de serviço não foi assinada. Já teve concurso para Itapipoca e não há prédio".
Diante de tantos compromissos não cumpridos, o parlamentar considera legítima a paralisação dos trabalhadores da educação superior do Estado. "O que resta aos professores? Que silenciem diante dos cumprimentos? Óbvio que não. O que os professores da Urca, agora em greve, fazem é o compromisso com o ensino, com a democracia e a justiça social. Nós não podemos silenciar diante do descumprimento da palavra do governador. Há ausência de assistência estudantil e de bolsas na Urca. Os professores estão em greve porque querem trabalhar com dignidade, querem que o governador cumpra a palavra".