Uma noite de reconhecimento e solidariedade. A solenidade de entrega do Prêmio Frei Tito de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará, realizada na última quinta-feira, 10, na Praça do Ferreira, relembrou a trajetória de Irmã Inês Barros Lima (1946-2020), religiosa vicentina conhecida como "mãe dos pobres"; e celebrou seu trabalho abnegado em prol da população em situação de rua de Fortaleza.
Falecida no último mês de novembro, Irmã Inês foi representada por Irmã Vilaneide Ferreira, que recebeu o prêmio em nome das Filhas da Caridade, congregação da qual Irmã Inês participava. Segundo a religiosa, Irmã Inês dedicou sua vida ao cuidado dos mais necessitados. "Ela se doou totalmente a serviço desses queridos filhos, como ela carinhosamente chamava. Estamos muito alegres por esse reconhecimento e fieis de que daremos continuidade ao trabalho e ao legado deixado por ela", afirmou Irmã Vilaneide.
Criado em 2001 pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, por iniciativa do então Deputado João Alfredo, o Prêmio Frei Tito de Alencar de Direitos Humanos tem o objetivo de reconhecer e valorizar o trabalho de pessoas e entidades dedicadas à luta pela defesa dos direitos humanos e da cidadania. A entrega é realizada em sessão solene, por ocasião da comemoração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, dia 10 de dezembro. Este ano, a solenidade não aconteceu na Assembleia, mas numa praça pública, junto à população em situação de rua.
"Estamos outorgando, de forma inédita, o Prêmio Frei Tito de Direitos Humanos à Irmã Inês nessa belíssima cerimônia no Centro da cidade", destacou o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa, deputado estadual Renato Roseno (PSOL). "O exemplo de Irmã Inês nos inspira a continuar com a luta pelos direitos humanos e pela cidadania da população em situação de rua".
Ao receber a premiação em mãos do deputado Renato Roseno, Irmã Vilaneide fez questão de passar o prêmio a todos os presentes. "Essa premiação não é somente da Irmã Inês, mas de toda a população em situação de rua. Recebam, também, esse prêmio", afirmou a religiosa. Com muita emoção e afeto, o prêmio foi recebido de braços abertos pela audiência, formada em grande parte por pessoas assistidas pela irmã e pelas Filhas da Caridade.
Durante o evento, a trajetória da Irmã Inês na garantia dos direitos humanos e seus serviços em prol dos mais necessitados foram relembrados. Emocionados, os participantes falaram sobre seu zelo, cuidado e escuta no atendimento aos mais pobres. "Irmã Inês dedicou sua vida aos mais pobres, à defesa e à garantia dos direitos da população em situação de rua. Seu legado é daquelas pessoas que conseguem sair de si mesmas e contemplar o rosto transfigurado de Jesus Cristo nos pobres", emocionou-se Frei Nailson, do Instituto Compartilha.
Participaram da mesa representantes da Câmara Municipal de Fortaleza, Defensoria Pública do Estado, Instituto Compartilha, Fórum da Rua de Fortaleza, Comitê Municipal de Políticas Públicas da População de Rua (COMPOP), Comitê Estadual de Políticas Públicas da População de Rua (CEPOP), Movimento Nacional da População de Rua no Ceará, Casa Paz e Bem, Lar São Francisco de Assis e Recanto da Rua.
Quem foi Irmã Inês?
Nascida em Quebrangulo, Alagoas, em 1946, Irmã Inês iniciou sua trajetória missionária aos 15 anos, no Rio de Janeiro. Aos 17, mudou-se para Fortaleza onde iniciou suas atividades no Colégio da Imaculada Conceição. Entre sua trajetória de serviços de caridade prestados aos fortalezenses, está a coordenação, a partir de 2002, dos trabalhos no Refeitório São Vicente de Paulo, no Benfica. O local atende cerca de 100 pessoas desabrigadas diariamente e faz parte do Projeto Globalização da Caridade, onde a pessoa em situação de rua tem acesso à higienização, almoço, formação profissional, incentivo para retorno à família, assistência espiritual, alfabetização e assistência médica com os voluntários da Sociedade Médica São Lucas.