Janeiro de 2023 é o mês mais violento para as mulheres dos últimos seis anos

25/01/23 18:00

Mesmo restando ainda uma semana para seu fim, o mês de janeiro de 2023 já se tornou o mais violento para mulheres dos últimos seis anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), seis feminicídios já foram registrados nestes primeiros dias do ano. Com esse número alarmante, o mandato do deputado estadual Renato Roseno (Psol) enviou um pedido de encontro com o titular da pasta e também com representantes da Secretaria de Mulheres, além de entidades e movimentos sociais para discutir medidas de prevenção e enfrentamento desses crimes.

O número de janeiro já se iguala a fevereiro de 2022 como o líder em casos de feminicídio desde 2018, ano em que esta tipificação começou a ser monitorada mensalmente pelo Painel Dinâmico da SSPDS. “É absurda essa explosão de violência contra a mulher no Ceará nas últimas semanas. É necessário debater estratégias de enfrentamento dessa onda”, reforça Renato Roseno.

Ao todo, segundo a própria SSPDS, 14 mulheres já foram mortas no Ceará em 2023. Outras notícias dão conta de cárcere privado, tentativa de feminicídio e violência física e sexual contra adolescentes. “É uma tragédia em curso que precisa ser interrompida imediatamente”, pede o parlamentar.

Através da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa (CDHC), o deputado solicitou uma reunião com o secretário Samuel Elânio de Oliveira Júnior, da SSPDS, a vice-governadora e titular da Secretaria de Mulheres, Jade Romero, e o Fórum Cearense de Mulheres. “O Fórum já vem publicando pesquisas que mostram a diferença na classificação dos feminicídios e sua subnotificação pelas autoridades”, indica Renato.

No último mês de novembro, a própria CDHC realizou uma audiência pública na Assembleia Legislativa sobre o feminicídio e qualificação dos dados no Ceará. De acordo com o dossiê apresentado pelo Fórum Cearense de Mulheres, há uma discrepância entre os números contabilizados pela SSPDS e os apurados pelos movimentos sociais. “Se não existem os dados, é como se os crimes não existissem”, lembrou a coordenadora do Instituto Maria da Penha e advogada da entidade, Rose Marques.

Em 2019, por exemplo, ocorreram, segundo a SSPDS, 35 feminicídios no Ceará. No entanto, a apuração do próprio Fórum Cearense de Mulheres identifica 93 crimes desta natureza naquele ano. O dossiê indica essa diferença a partir de apuração em matérias na imprensa e depoimentos de familiares das vítimas. “A prevenção aos feminicídios e aos casos de violência contra a mulher começa qualificando a informação”, entende Roseno.

OS CASOS

O primeiro caso de feminicídio foi registrado no dia 1º de janeiro, em Jaguaribe. O suspeito chegou a ser identificado, mas ainda não foi capturado. Já o segundo, aconteceu no último dia 4, quando um homem de 43 anos matou a própria companheira, uma mulher de 52 anos, no município de São João do Jaguaribe. O terceiro caso foi registrado no dia 12 de janeiro, quando um homem, de 44 anos, foi preso suspeito de matar a ex-companheira, de 31 anos, no município de Pentecoste.

Um quarto caso foi registrado no último dia 18 de janeiro, em São João do Jaguaribe. Na ocasião, um homem de 34 anos foi preso em flagrante após matar a pedradas a ex-companheira, de 36 anos, na frente da própria filha. Já o último caso, aconteceu na última sexta-feira (23), em Iguatu, e culminou na morte de duas mulheres — uma delas é Antônia Evaneide Fernandes, ex-companheira de 47 de um homem de 60 anos que foi preso em flagrante. A segunda vítima, Jucicleide Alves Bezerra, de 44 anos, foi baleada e não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital.

Áreas de atuação: Mulheres, Segurança pública