Desmilitarização da polícia e da política: uma resposta que virá das ruas. O livro será lançado em Fortaleza na próxima segunda-feira, 24 de agosto, a partir das 18 horas, no Aparelho - Rua Instituto do Ceará, 164 - Benfica.
"Estamos vivendo uma vida militarizada em um país militarizado, que nos retira todos nossos direitos e cerceia nossa liberdade", considera o organizador do livro, o educador Givanildo Manoel, militante de direitos humanos há 32 anos, atualmente membro do Tribunal Popular, Comitê pela Desmilitarização da Polícia e Associação de Amigos e Familiares de Presos (Amparar). Morador de São Paulo, pernambucano da cidade de Catende, Givanildo estará em Fortaleza para o lançamento da publicação, momento que terá a participação também da Associação das Vítimas de Violência Policial do Estado do Ceará (Avvipec) e do coletivo Aparecidos Políticos.
Desmilitarização da polícia e da política é um livro que aborda o problema da violência institucional. "Todos os dias, seis pessoas são mortas pelas polícias militares no Brasil. Em cinco anos, foram mais de 11 mil. Essa política criminal, com derramamento de sangue, que atinge sobretudo quem mora nas regiões periféricas e mais abandonadas pelo poder público, avança a passos largos, por meio de propostas de redução da maioridade penal, ocupações militares, revisão do Estatuto do Desarmamento e acirramento da política proibicionista de guerra às drogas", aponta o Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política
A quantidade de chacinas com indícios de participação de policiais militares também se acumula. Nos últimos dois casos, foram pelo menos 18 assassinatos em Barueri e Osasco, na região metropolitana de São Paulo, no dia 13 de agosto, e 37 em Manaus, capital do Amazonas, entre os dias 17 e 20 de julho. "Enquanto isso, crescem os lucros do mercado da segurança e a plataforma eleitoreira e sanguinária dos chamados programas policiais", acrescenta o Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política.
Com 184 páginas, o livro tem ilustrações de Paloma Franca, prefácio de Jorge Souto Maior e textos de militantes, coletivos, movimentos sociais e pesquisadores: Givanildo Manoel da Silva, Adriana Eiko Matsumoto, Ana Vládia Holanda Cruz, Angela Mendes de Almeida, Henrique Carneiro, Tatiana Merlino, Francilene Gomes Fernandes, Coletivo DAR, Camila Gibin, Comitê Popular da Copa de São Paulo, Movimento Passe Livre-SP, Orlando Zaccone D’Elia Filho, Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política, Deivison Mendes Faustino, Movimento Palestina para Tod@s, Thiago B. Mendonça, Rubens RR Casara, Família Rap Nacional, Dário Ferreira de Souza Neto, Igor Frederico Fontes de Lima.
O livro foi lançado em 2015 pela Editora Pueblo e, de acordo com a livraria homônima, apresenta o debate sobre a desmilitarização da polícia e da política por diversos ângulos: "a perspectiva histórica da formação das polícias militares; a herança da ditadura militar; o uso do militarismo como instrumento de gestão de territórios e controle da população, sobretudo dos trabalhadores pobres, negros e moradores das periferias; os grupos de extermínio e a repressão no interior da corporação; a guerra às drogas; o encarceramento em massa; a repressão aos movimentos sociais; a militarização e a questão palestina".
"O livro trata também da necessária desmilitarização da política, pois a Polícia Militar é um dos tentáculos de uma política de coerção social e controle militar da sociedade, onde o Estado se preocupa mais com a garantia violenta da ordem (de dominação de classe) do que com os direitos sociais: para a maior parte da população, o Estado só se faz presente através da Polícia", acrescenta a Livraria Pueblo.