Linha do tempo da sabotagem de Bolsonaro à vacinação no Brasil

18/02/21 13:00

Bolsonaro não somente desdenha da tragédia sanitária em curso no Brasil e desrespeita a memória das mais de 240 mil vítimas da Covid, mas também age deliberadamente para retardar e dificultar a campanha de imunização no país. Para compreender o passo-a-passo da campanha de Bolsonaro contra a vacinação, elaboramos uma linha do tempo mostrando toda a negligência criminosa de (des)governo que voltou as costas para seu povo e que atua deliberadamente contra a vida e a saúde pública.

ABRIL DE 2020

24/04 - Brasil foi convidado a fazer parte da Covax, a Aliança Mundial de Vacinas, uma coalizão de 165 países para garantir vacina contra a Covid-19. Pelas normas da Covax, o Brasil poderia encomendar mais de 200 milhões de doses (o equivalente à 50% da necessidade para duas doses da população brasileira). Pela sua população, o país automaticamente estaria entre os 5 primeiros países a receber as vacinas.

MAIO DE 2020

04/05 - Bolsonaro se recusa a fazer parte da Covax.

JUNHO DE 2020

11/06 - Dória anuncia acordo com Sinovac. 12/06 - Sergio Camargo, da Fund. Palmares e bolsonaristas fazem apelo para ninguém tomar “vacina chinesa do Dória”.

JULHO DE 2020

30/07 - Por meio do ofício 160/2020, Instituto Butantan informa que tem condições de fornecer “60 milhões de doses da vacina a partir do último trimestre de 2020”. O Butantan nunca recebeu uma resposta sobre a oferta.

AGOSTO DE 2020

15/08 - A gigante estadunidense Pfizer procurou o governo brasileiro para oferecer a venda de 70 milhões de doses da vacina. No e-mail enviado pela Pfizer, havia a garantia que estes 70 milhões estariam à disposição do Brasil ainda em dezembro de 2020. Segundo Carlos Murillo, CEO da Pfizer, a empresa nunca obteve uma resposta do governo brasileiro. 18/08 - Interessado em colocar sua vacina no plano nacional de vacinação, o instituto volta a insistir na oferta. Enviou um segundo ofício, sob o número 177/2020, em que reafirmava a proposta. Prometia fornecer 45 milhões de doses em dezembro e 15 milhões no primeiro trimestre de 2021, ao custo de 21,50 reais a dose.

SETEMBRO DE 2020

12/09 - Diretor-executivo mundial da Pfizer, o grego Albert Bourla, mandou uma carta ao presidente Bolsonaro pedindo que se manifestasse com urgência se queria ou não a vacina, considerando “a alta demanda de outros países”. 24/09 - Governo anuncia adesão à aliança internacional Covax, fazendo uma opção de compra de 42 milhões de doses, suficientes apenaas para 10% da população brasileira. A opção foi pelo percentual mínimo oferecido pelo consórcio, que também oferecia a alternativa de compra de vacinas suficientes para 50% da população.

OUTUBRO DE 2020

07/10 - Butantan decidiu tentar de novo e enviou outro ofício ao Ministério da Saúde. Era mais enfático que os anteriores. Lembrava as ofertas que não haviam sido respondidas e alertava que era grande a demanda pela CoronaVac no mercado mundial e, também, entre estados e municípios brasileiros. 15/10 – No dia 2 de outubro, Índia e África do Sul apresentam à Organização Mundial do Comércio (OMC) proposta de suspensão de patentes para vacinas, testes, tratamentos e qualquer outra tecnologia que sirva para frear a covid-19. De acordo com os documentos submetidos pelos dois países, tal suspensão das regras de propriedade intelectual deveria ser estipulada até que a imunidade de rebanho seja atingida. No dia 15, uma primeira reunião em Genebra (Suíça) discutiu o projeto. O Brasil se colocou contra a proposta e passou a defender o interesse das grandes empresas farmacêuticas. 20/10 - Ministério da Saúde anuncia "intenção" de compra de 46 milhões de doses da Coronavac. 21/10 - “Não será comprada”. Logo no dia seguinte, Bolsonaro cancela a compra. 22/10 - “É simples assim, um manda e o outro obedece”, Pazuello baixa a cabeça. 26/10 - “Não é mais barato investir na cura do que na vacina?”, pergunta Bolsonaro.

NOVEMBRO DE 2020

10/11 - "Morte, invalidez, anomalia. É a vacina que o Dória queria obrigar os paulistanos. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Nas redes sociais, Bolsonaro comemora a suspensão da Coronavac pela morte de um voluntário (por suicídio e não em função dos testes)

DEZEMBRO DE 2020

07/12 - Dória anuncia início da vacinação em São Paulo para o dia 25 de janeiro.
08/12 - “Se houver demanda e preço vamos comprar a vacina do Butantan”, anuncia Pazuello, no mesmo dia em que a primeira pessoa é vacinada no Reino Unido com vacina da Pfizer. 08/12 - "Qualquer vacina aprovada e certificada pela Anvisa será comprada e distribuída para toda população", reforça o ministro. 15/12 - “Eu não vou tomar vacina. Se alguém acha q a minha vida está em risco, o problema é meu”. Essa foi a reação de Bolsonaro ao início da vacinação no mundo. 15/12 - “É mais barato investir na vacina do que estender auxílio emergencial”, Roberto Campos Netto, presidente do Banco Central 16/12 - “Para que essa ansiedade, essa angústia?”, pergunta Pazuello diante das cobranças sobre o plano de vacinação. 17/12 - No dia em que o STF decide que vacinação pode ser compulsória nos estados, Bolsonaro afirma que “se você tomar vacina e virar jacaré, é problema seu”. 28/12 - "O Brasil tem 210 milhões de habitantes, um mercado enorme. Os laboratórios não tinham q estar interessados em vender para a gente?”, perguntou o presidente.

JANEIRO DE 2021

07/01 - Butantan anuncia eficácia de 78% da Coronavac, mas cientistas contestam informações do instituto. No mesmo dia, Pazuello dá uma previsão soobre o início da vacinação. "Em média, estaríamos entre o dia 20 de janeiro e 10 de fevereiro. A hipótese mais alongada é final de fevereiro, meados de março”.
11/01 - Quatro dias depois, volta atrás e diz apenas que “vacinação vai começar no dia D, na hora H” 12/01 - Butantan corrige e anuncia eficácia global de 50,38% da Coronavac. Cientistas lamentam erro na comunicação mas confirmam a segurança da vacina. 13/01 - "Essa de 50% é uma boa? O q eu apanhei por causa disso, agora estão vendo a verdade”, reage Bolsonaro. 15/01 - Avião para buscar vacinas da Oxford não decola porque governo indiano não confirma a entrega. No mesmo dia, Bolsonaro diz que "não tem ideias" sobre vacina q estaria sendo produzida pelo ministro Marcos Pontes. Ministério da Saúde exige entrega imediata de 6 milhões de vacinas da Coronavac.

Áreas de atuação: Saúde