E o "tsunami" em defesa da educação cobriu novamente ruas, praças e avenidas em todo o país com as cores da luta e da resistência. Nesta quinta-feira (30), quinze dias depois dos primeiros atos de protesto contra os cortes de recursos para a educação, milhões de pessoas se manifestaram novamente contra os ataques promovidos por Abraham Weintraub, ministro do governo de Jair Bolsonaro. Segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE), mais de 1,8 milhão de pessoas participaram dos atos, espalhados por mais de 200 cidades em 26 estados e no Distrito Federal.
Em Fortaleza, a concentração foi na Praça da Gentilândia, no bairro Benfica. No início da tarde, o ato percorreu as avenidas da Universidade, Domingos Olímpio, Carapinima e 13 de maio. A programação foi encerrada com um grande ato cultural na Concha Acústica da UFC. Além das restrições orçamentárias, os manifestantes protestaram contra a reforma da previdência, contra o governo federal e contra a campanha sórdida de difamação das instituições de ensino superior que tem sido orquestrada por meio de correntes via aplicativos como o WhatsApp.
Até a manhã de sexta-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro não se manifestou sobre os protestos. Mas os atos provocaram a reação do Governo. Em nota oficial do MEC, Weintraub estimulou pais e alunos a fazerem denúncias à ouvidoria do órgão caso presenciassem a divulgação dos protestos durante o horário escolar.
Nas universidades federais, o governo bloqueará 30% do orçamento previsto para pagamento das chamadas "despesas não obrigatórias", como os gastos com trabalhadores terceirizados, obras, compra de equipamentos, água, luz e internet. Além dos cortes na área de ensino, o Governo Bolsonaro bloqueou de forma generalizada bolsas de mestrado e doutorado oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O corte atinge não só as ciências humanas - área que o ministro já afirmou não ser prioritária em sua gestão -, mas também as de ciências exatas e biológicas.
Em abril, um contingenciamento de 42,27% do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) já havia reduzido em R$ 2 bilhões as despesas e investimentos da área. Com resultado, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou que, já a partir do próximo mês de julho, vai suspender todas as bolsas de pesquisa.