A Marcha das Mulheres Negras reuniu cerca de dez mil participantes em Brasília, nessa quarta-feira (18), segundo a Polícia Militar. O enfrentamento ao racismo e à violência de gênero foram as principais bandeiras das milhares de mulheres que marcharam em direção ao Congresso Nacional, na antevéspera do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro.
É a primeira vez que a marcha nacional acontece. O objetivo foi reunir o máximo de mulheres, mobilizadas por instituições do movimento negro e de direitos humanos ou por iniciativa própria, para defenderem a cidadania plena das negras brasileiras, manifestarem-se contra o racismo e a violência e honrarem os ancestrais.
Dados do último censo demográfico, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que as mulheres negras são 25,5% da população brasileira, o que representa 48,6 milhões de pessoas. Elas são as maiores vítimas de crimes violentos - de 2003 a 2013, o assassinato de mulheres negras cresceu 54,2%, enquanto o índice de mortes violentas de mulheres brancas diminuiu 9,8%, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil.
A violência contra mulheres negras faz com o que o Brasil ocupe a incômoda quinta posição em ranking global de assassinatos de mulheres, entre 83 países elencados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2013, a taxa de mortes por assassinato de mulheres para cada 100 mil habitantes foi de 4,8 casos, enquanto a média mundial foi de dois casos. "Foram 4.762 mulheres mortas violentamente no País naquele ano: 13 vítimas fatais por dia", reconhece o Governo Federal, no Portal Brasil.
O mandato do deputado estadual Renato Roseno, que propôs uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Ceará sobre a Marcha das Mulheres Negras, realizada no dia 9 de setembro, também esteve representado na mobilização em Brasília, pela assessora de Direitos Humanos, Margarida Marques, que também integra o Setorial de Negras e Negros do PSOL Ceará, o Instituto Negra do Ceará (Inegra) e o Comitê Local da Marcha das Mulheres Negras.
"Ainda não sei dizer de todo sentimento que foi encontrar com irmãs de todo canto do Brasil. Além de provocar uma funda emoção, me fez pensar que a Marcha das Mulheres Negras foi um grito coletivo de mulheres negras em luta contra o racismo, a violência e pelo bem viver. Foi lindo demais ver meninas, mulheres velhas senhoras, os tambores, o colorido dos tecidos, os cabelos crespos, os turbantes e os pés em marcha", revelou Margarida Marques, no dia seguinte à marcha.
Para ver a Carta das Mulheres Negras 2015, clique aqui.