Movimentos sociais e coletivos populares promoveram, na última sexta-feira (8), a VII Marcha da Periferia. Este ano, o evento teve como tema “Vidas negras importam? Nossos mortos têm vez! Periferia resiste!”. A marcha é organizada anualmente e tem como objetivo denunciar o extermínio da juventude negra. Em particular, criticar as políticas de extermínio e encarceramento em massa do governador Camilo Santana e manifestar o repúdio ao pacote anticrime de Sérgio Moro, além de resgatar a memória das crianças e dos adolescentes mortos este ano, vítimas de ações policiais, como Juan (Ceará) e Ágatha (RJ).
“A luta por justiça é também uma luta pela transformação da realidade! Não é natural viver em um estado que nos últimos 10 anos viu serem assassinados mais de 20 mil adolescentes entre 15 e 19 anos. Jovens que em sua maioria tem a mesma cor e endereço: negros moradores das periferias”, afirmou o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), que participou da caminhada pela Praia de Iracema. “Qual futuro estamos oferecendo a eles?”, completou.
Para Adriana Jerônimo, assistente social e participante do Fórum Popular de Segurança Pública, o ato é uma grande forma de denúncia. “Das diversas violações de direitos que a periferia sofre, falamos diretamente da letalidade juvenil. São os negros, os pobres, que morrem. Mas não falamos somente disso. Falamos também de esperança, da juventude que resiste na periferia, que é criativa, que luta para sobreviver a partir da cultura, da arte, que pulsa nas periferias”, afirmou. “Então hoje nos unimos, levantamos a bandeira de que nossos corpos têm voz, história, memória, e que vamos lutar para que novos corpos não tombem”.
Edna Carla Cavalcante, que participa do movimento Mães do Curió, formado por mães de vítimas da chacina do Curió, que ocorreu há quatro anos, participou da marcha pelo quarto ano seguido. “Nossos filhos não voltarão, o que nos resta é a luta por justiça. Só a luta muda o País. Então é com a luta que a gente tenta mudar alguma coisa”, afirmou. No fim de outubro, 31 policiais militares que participaram da chacina foram enviados para júri popular. “É uma vitória para o nosso País, não só para o Estado”, comemorou Edna. (Texto: Felipe Araújo / Foto: Luly Pinheiro)