Movimentos feministas e de mulheres e diversas organizações e movimentos sociais ocuparam, na manhã desta quinta-feira, a Casa da Mulher Brasileira, no bairro Couto Fernandes, em Fortaleza. A ocupação integra a manifestação Paralisação Internacional de Mulheres #2018M, que mobiliza mulheres do mundo inteiro para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres. No Brasil, houve mobilizações em diversos estados, articulados por movimentos autônomos de mulheres. Em Fortaleza, a manifestação começou logo no início da manhã, no Terminal da Lagoa, e seguiu em cortejo até a Casa da Mulher Brasileira.
O lema do ato foi "Pela vida das mulheres : contra a violência e o feminicídio". A manifestação reuniu movimentos sociais e uma diversidade de segmentos de mulheres: coletivos feministas, associações comunitárias, setoriais de mulheres de sindicatos e de partidos, ONGs, fóruns, núcleos de estudos de universidades, mulheres indígenas, pescadoras, quilombolas, entre outros.
A ocupação do equipamento, que encerrou a manifestação em Fortaleza, teve como objetivo denunciar a precariedade das políticas públicas ligadas à promoção da igualdade de gênero e ao enfrentamento à violência contra as mulheres. Pronta desde 2016, a Casa da Mulher Brasileira é equipamento da Secretaria das Políticas Para Mulheres (SPM) do Governo Federal e será administrado pelo Governo Estadual. Na Lei Orçamentária Anual de 2018, o equipamento foi contemplado por uma emenda de autoria do deputado estadual Renato Roseno (PSOL) no valor de R$ 180 mil. Ainda assim, a casa segue sem funcionamento, prejudicando o atendimento às mulheres.
O espaço vai abrigar, entre outros equipamentos, a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), os Centros de Referência da Mulher e representações do Juizado Especial, Defensoria Pública e Ministério Público. A ideia é garantir atendimento às vítimas de violência, bem como acolhimento e atenção à inúmeras mulheres que precisam recorrer ao Estado em busca de medidas que garantam a sua proteção. Atualmente, os serviços existentes no Estado não conseguem absorver a demanda. A previsão é que a Casa possibilite triplicar o número de atendimentos, conforme afirmou a Secretária de Políticas para as Mulheres do Estado, Camila Silveira.
"A casa da mulher brasileira é um equipamento idealizado pelos movimentos de mulheres, com o objetivo de facilitar o atendimento às mulheres vítimas de violência, pondo fim à peregrinação que hoje elas fazem em busca de atendimento", explica Isabel Carneiro, militante feminista e assessora do mandato É Tempo de Resistência, do deputado estadual Renato Roseno (PSOL). A proposta é reunir em um mesmo lugar a delegacia especializada, a Defensoria Pública, o Ministério Público, juizado especializado, entre outros serviços".
A ocupação de hoje foi fruto de um processo de construção coletiva que tem mobilizado dezenas de movimentos em reuniões, rodas de conversas e oficinas desde o início do ano. No último dia 3, os grupos que realizaram o ato promoveram uma roda de conversa com o tema "Nossos feminismos: refletindo sobre lutas e práticas políticas" e uma oficina de construção de materiais, produção de intervenções e performances artísticas, preparatórias para o ato do 8 de março. (Foto: Samya Magalhães)