Acompanhamos a situação das universidades estaduais há muitos anos. O Ceará precisa valorizar suas universidades. A grande maioria dos professores das escolas da educação básica foram formados pelas universidades estaduais cearenses. Se a gestão se orgulha de sua educação básica, deve valorizar a universidade que forma esse professor. Há anos os problemas se acumulam: problemas de infraestrutura, assistência estudantil, respeito à autonomia, valorização da carreira docente.
Há mais de 500 disciplinas com carências de docentes, gerando cancelamento de disciplinas obrigatórias e atraso na formação discente. Além disso, há problemas gravíssimos de infraestrutura em muitas unidades. Nosso estudantes precisam de mais assistência estudantil. Nossos professores demoram anos para terem suas promoções implantadas. Essas histórias são acompanhadas por nós há anos. Em algumas universidades, nunca houve concurso para servidor administrativo. Sabemos de muitos docentes que tiram dinheiro do bolso para consertar ar condicionado, pintar salas, comprar insumos.
A mobilização dos professores é responsável com a universidade e com a sociedade. A greve é legítima porque não houve respeito pelo Governo à sua data-base nem pagamento dos retroativos devido. É também porque não houve reposição das perdas inflacionárias conforme havia sido anunciado ano passado. O Governo errrou. Optou por criminalizar o movimento, pediu ilegalidade da greve, multa a dirigentes sindicais e sua criminalização. Portanto, é absolutamente injusta e insensível a fala do Governador.
A forma utilizada e as atitudes observadas colocam a sociedade contra os professores e desrespeitam a legítima organização dos servidores. Não se esperaria isso do Governo. É frustrante. Nossa expectativa é de que o gestor sentasse à mesa de negociação com ânimo. Por isso convido o Governador a outra postura: que ele ouça os sindicatos, visite os campi mais precários, ouça os estudantes e suas demandas de assistência, ouça os servidores.
O Ceará precisa muito de sua universidade pública. Ela leva ensino superior público a milhares de jovens em mais de uma centena de municípios que não teriam outra possibilidade de acesso à educação superior. Se faz pesquisa no Ceará. Se faz extensão. Reduz-se desigualdades sociais e produz-se saber. Meu lado será sempre em defesa da educação pública e nosso mandato está à disposição dessa luta. Por fim, fomos às ruas em 2022, para superar lógicas autoritárias e desrepeitosas com os trabalhadores. E assim, se preciso for, continuaremos. A nossa luta é todo dia!