Um território de disputa ideológica decisivo em nossos dias. Ao mesmo tempo, um direito humano fundamental para a afirmação da liberdade de expressão e da pluralidade de idéias e de identidades. Para Renato Roseno, o terreno da comunicação e da cultura é um palco imprescindível para a luta por uma nova política no século XXI.
“Comunicação e cultura viraram as principais mercadorias do nosso tempo; para os capitalistas, elas são uma espécie de novo petróleo”, defendeu o deputado durante mais uma edição em Fortaleza do debate “Vamos! Sem Medo de Mudar o Brasil”. O debate foi realizado no último sábado (7) na Praça da Gentilândia, no bairro Benfica e teve como tema “Democratização da Comunicação e da Cultura”.
Ao lado de Renato, compuseram a mesa o fundador da rede de coletivos Fora do Eixo, Pablo Capilé; a rapper Preta Rara, criadora da página “Eu, Empregada Doméstica”; e as jornalistas Laura Capriglione, fundadora do coletivo Jornalistas Livres, e Renata Mielli, coordenadora geral do FNDC (Fórum Nacional de Democratização da Comunicação). Adelita Monteiro, da Intersindical, e Doris Soares, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), foram as mediadoras da mesa.
“É fundamental que a mudança da política se dê desde baixo. Precisamos de um programa que nasça da rua e da praça pública, ocupando as redes, para que a gente possa fazer uma outra política”, defendeu Renato. “E nessa outra política, precisamos criar e fortalecer mecanismos de democratização da comunicação e da cultura”.
O “Vamos! Sem medo de mudar o Brasil” é uma iniciativa da Frente Povo Sem Medo que tem realizado debates em várias cidades com o objetivo de criar um programa popular de idéias para transformar o país. Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e Preto Zezé, da Central Única das Favelas (CUFA) também fizeram uma saudação na abertura do debate do último sábado.
Para Renato, o Brasil não pode continuar sem um marco regulatório para a comunicação, que é o que vai garantir a democratização da atividade. "A direita mais reacionária diz que a gente quer controlar a comunicação e a cultura. Não é verdade. Quem quer controlar isso são as grandes empresas. Portanto, precisamos avançar no marco regulatório, no caso da comunicação; e no Sistema Nacional de Cultura, no caso do financiamento da atividade cultural", afirmou.
Segundo o deputado, para avançar nesse processo de democratização, também é fundamental o fortalecimento do midiativismo e da produção autônoma e o enfrentamento dos donos da mídia. "Não é possível, por exemplo, que o presidente do Congresso Nacional, o senador Eunício Oliveira, seja dono de rádios no Interior do Ceará. E tantos outros parlamentares que possuem concessões de TV", afirmou. "Essa é uma pauta estratégica para a esquerda que queremos ser".
Os programas policialescos, com sua naturalização da violência e da violação de direitos, são outro ponto a ser enfrentado pelos que defendem uma efetiva democratização da sociedade brasileira. "Não é possível construirmos uma sociedade democrática quando essa sociedade mantém padrões de exploração econômica e de dominação cultural em que a população mais pobre está sempre associada à violência. Isso naturaliza a apartação, a exclusão e a violência", afirmou Renato, que fez referência à pesquisa realizada pela Andi e pelo Intervozes que identificou mais de 40 mil violações de direitos em 30 dias de monitoramento dos programas policialescos cearenses.
No próximo sábado, às 18h, também na Praça da Gentilândia, o “Vamos!” promove mais um debate. Dessa vez, o tema será “Territórios e Meio Ambiente”. (Foto: Lucas Moreira)