Assistimos ao longo dos últimos anos intensas transformações no mundo do trabalho. Em parte, isso é resultado da intensa busca de elevação das taxas de exploração via intensificação da introdução de novas tecnologias digitais e informacionais. Do outro lado, também é fruto da reorganização econômica acelerada pela pandemia de Covid, que generalizou o trabalho remoto e alavancou a importância das empresas tipo plataformas — Uber, iFood, Rappi, Airbnb — e outras formas de trabalho precarizado, como a terceirização e a jornada intermitente.
O resultado global desses processos de fundo econômico desdobram-se em medidas politicas profundamente regressivas, como foram as reformas trabalhista e previdenciária aprovadas nos governos pós-golpe institucional de 2016 (Temer e Bolsonaro), ao tempo em que são recuperados pelo patronato práticas como o trabalho escravo e infantil. O resultado combinado de tudo isso revelam a racionalidade fria e egoísta do sistema capitalista, que reduz tudo à contabilidade de lucros, ao custo da superexploração da classe trabalhadora e da destruição ambiental, com o objetivo de reduzir os custos e alavancar os lucros do capital.
O capitalismo contemporâneo caracteriza-se, portanto, pela intensificação da superexploração da classe trabalhadora e da natureza. Isso configura uma degradação sem precedentes do metabolismo social, verificável tanto na piora das condições de existência dos que vivem da sua própria força de trabalho quanto na emergência climática e o iminente perigo do colapso ambiental, que põe em risco não só a forma social em que a humanidade se organiza, mas os próprios fundamentos da vida em nosso planeta.
No enfrentamento dessas tendências destrutivas do capitalismo contemporâneo, o mandato É Tempo de Resistência tem procurado reforçar seus vínculos com a classe trabalhadora. Estamos, desde o início deste ano, a frente do esforço de organização de um Fórum Estadual de Defesa do Trabalho Decente, junto com o Ministério Público do Trabalho, organizações de trabalhadores e centrais sindicais, o tempo em que seguimos compondo a Comissão Estadual de Combate ao Trabalho Escravo (COETRAE).
Seguimos também irredutíveis na defesa dos servidores públicos, atuando com firmeza para garantir reajuste salarial para além da reposição inflacionária, o fim da taxação previdenciária dos aposentados e combatendo o assédio moral e as práticas antissindicais. Da mesma forma, acompanhamos a atuação do Fórum Unificado dos Trabalhadores do Complexo Portuário do Pecém, em que as reivindicações dos trabalhadores se combinam com a luta contra o modelo de desenvolvimento hegemônico em nosso estado.
Esse nosso compromisso com os interesses históricos e imediatos da classe trabalhadora se renova nas lutas cotidianas. As condições de classe, raça, gênero e demais determinações do ser social se encontram, conformando um novo projeto de sociedade e de planeta.