“É necessário que o judiciário não se legitime perante a sociedade como o espaço dos iluminados, dos que tomam as decisões. O judiciário também precisa dialogar. O poder judiciário é um poder com pouquíssima capacidade de autocrítica. Ele não olha a si mesmo de maneira crítica e corajosa. Ele se olha no espelho e se coloca num lugar de herói.”, afirmou na noite de ontem, 8, Beatriz Vargas Ramos, criminóloga, professora da Universidade de Brasília (Unb) e anticandidata ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Beatriz esteve em Fortaleza para o debate “O que será do STF? O poder judiciário e os direitos das mulheres”, organizado pelo mandato É Tempo de Resistência. Um momento para entender melhor a importância do STF na política atual e as repercussões da indicação de Alexandre de Moraes ao cargo de ministro.
A anticandidatura de Beatriz surgiu de vários movimentos de mulheres, como crítica ao processo de indicação de ministros ao STF pelo governo ilegítimo de Michel Temer. “A anticandidatura vem de um lugar de resistência. Desse lugar de militância, de diálogo com diversos movimentos sociais. A nossa anticandidatura é algo plural. É feminista porque nasceu de um movimento de várias mulheres, dentro e fora da Universidade.”, explica Beatriz.
Estiveram presentes também no debate Margarida Marques, do Instituto Mulher Negra (Inegra), Gina Moura, defensora pública estadual e mestre em direito penal pela Universidade de Coimbra e Beth Ferreira, do Fórum Cearense de Mulheres. A mediação do debate foi feita pela militante feminista e advogada do Escritório Frei Tito de Alencar (EFTA), Luanna Marley. “Nós não podemos esquecer que estamos vivendo um golpe de Estado e que ele foi legitimado pelo Supremo, infelizmente. O STF foi parte de um golpe político, midiático e jurídico. Machista, racista, homofóbico, violador de direitos. E não é só Alexandre de Moraes - qualquer ministro que venha desse governo vai ter esse papel, esse perfil, porque é esse perfil que interessa para dar legitimidade ao golpe.”, declarou Beth Ferreira durante o debate.
Sobre a importância de uma anticandidatura como forma estética e política de luta, Margarida Marques defendeu que “Uma anticandidatura nunca teve tanto sentido. Porque essa anticandidatura é contra absolutamente tudo o que o governo golpista nos impõe. Ela não critica apenas o STF machista, racista, mas também coloca em questão qualquer indicação que venha desse governo golpista”.
- SAIBA MAIS:
Sobre a anticandidatura: https://www.facebook.com/anticandidaturaBeatrizVargas/
Sobre o manifesto de anticandidatura: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR97328
Assista ao vídeo do debate “O que será do STF?”: https://www.facebook.com/pg/RenatoRoseno50/videos/?ref=page_internal