"Outra saída é necessária! E só quem pode dar outra saída é o povo organizado"

17/03/16 14:27

"O governo é indefensável. Não somente pelos escândalos que se repetem e nos trazem à memória os mesmos mal-feitos dos governos anteriores. Mas também por uma agenda econômica anti-popular, medidas recessivas, ataque aos direitos sociais, arrocho nos orçamentos de políticas sociais, esmagamento dos povos tradicionais, agenda ambiental desastrosa, aliança com setores conservadores e ausência de reformas estruturais, como as reformas política, tributária, agrária e dos meios de comunicação. Contudo, mesmo fazendo oposição a esse condomínio eleitoral liderado pelo PT e PMDB, não podemos nos deixar seduzir pelo vale-tudo. Afinal, a tecnologia de aparelhar as estatais para locupletamento, enriquecimento ilícito e financiamento eleitoral não começou em 2003. Ela é muito mais antiga. O que ocorre é que os corruptos de ontem brigam com os corruptos de hoje. Em parte, a briga está relacionada à crise econômica e, como resultado dela, ao esgotamento do modelo que sustentou a aliança petista com a burguesia. Esta, apesar de largamente beneficiada nos últimos anos, vê agora espaço para assumir diretamente a direção política do país.

Parte da sociedade, movida por um sentimento legítimo de repulsa e raiva com a total degradação desse sistema político corrupto e fechado à participação popular, em um cenário em que as condições materiais e mesmo subjetivas de vida pioram, é levada a abraçar saídas de cunho populista ou, inclusive, discursos que flertam com o fascismo. Saídas que, projetadas pelos grupos que hoje estão no poder e por outras frações da burguesia, não resultarão em mais democracia ou poder popular. Diante disso, é preciso afirmar: não há saída fora da democracia.

Não podemos concordar com a manipulação do sentimento legítimo das pessoas. Por certo, há problemas imediatos, profundos, que devem ser enfrentados, como a corrupção. Mas a espetacularização do processo penal não é justiça nem é boa para a democracia. Todos os acusados (sejam de quaisquer partidos) devem ser investigados dentro das garantias constitucionais. Não podemos ser seletivos, como têm se portado a grande mídia e alguns atores do sistema de justiça. Há gente se postando hipocritamente de vestal da ética e da moral e tem se beneficiado da completa corrosão da legitimidade desse governo. Lembremos: as grandes empresas de mídias, atores do sistema de justiça, e, enfim, todos os sujeitos sociais e políticos estão no processo da crise e têm suas convicções, intenções, trajetórias e expectativas - explícitos ou não.

Outra saída é necessária! E só quem pode dar outra saída é o povo organizado. Não vão ser essas organizações políticas, tradicionais, conservadoras, que vão ofertar respostas à crise que beneficiem as maiorias sociais. Nós estamos vendo a dissolução completa do governo. Para substituir, querem colocar outro condomínio eleitoral conservador (na linha sucessória, estão Temer, Calheiros e Cunha, todos também citados nas denúncias da mesma operação Lava Jato). A saída possível tem que ser a organização dos/as trabalhadores e trabalhadoras. Dos movimentos sociais e ativistas autônomos. Daqueles/as que não querem o ajuste fiscal. Que querem o avanço da democracia. Que querem direito à saúde, garantido pelo poder público. Querem o direito à educação pública, gratuita e de qualidade. Que querem trabalho decente. Que não querem ser manietados pela mídia corporativa que é parte desse mesmo sistema de poder excludente e que se faz de porta-voz dos setores mais conservadores. Que querem políticas efetivas de democratização da mídia.

Nós vamos continuar fazendo oposição à Dilma, Lula, PT, ao condomínio eleitoral com PMDB, Renans, Cunhas, com todos esses que estão aí. Nós somos contra esses governos. Mas não caiamos na sedução conservadora e que flerta com o fascismo e com a intolerância. Nossa saída tem que ser popular, democrática, com a classe trabalhadora. Nós precisamos defender mais democracia, garantia de direitos e mais justiça", afirma o parlamentar do PSOL, Renato Roseno.

Áreas de atuação: Política