São mais de 50 anos de ordenação religiosa, mais de 45 anos de Brasil e outros 30 e tantos anos dedicados ao trabalho pastoral junto às comunidades mais pobres de Fortaleza. Um homem que reafirma de forma incansável, ao longo de toda essa caminhada, seu compromisso com as causas da justiça e da paz, em especial com as populações encarceradas. Coordenador regional da Pastoral Carcerária, o padre Marco Passerini vai virar cidadão cearense. O título virá através de uma proposição de autoria do deputado estadual Renato Roseno (PSOL) aprovada na última quarta-feira (14), no plenário da Assembleia Legislativa.
Nascido na Itália, o padre reside no Brasil desde o início dos anos dos anos 1970 e, desde 1998, dedica-se à missão junto aos presidiários e suas famílias. Foi coordenador da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Fortaleza por mais de uma década e atualmente é Coordenador da Pastoral Carcerária do Regional Nordeste Um-Ceará. Recebeu em 2012, a Medalha Clodoaldo Pinto, do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, pelos serviços e dedicação em prol da população carcerária no Ceará, no Brasil e no mundo.
"Para nós que fazemos a Pastoral Carcerária, cada ida aos presídios é um profundo mergulho no mistério do Filho do Homem que se faz encarcerado na carne de cada pessoa encarcerada", afirma o religioso (em artigo publicado na Agência da Boa Notícia no Natal de 2014). "Olhos nos olhos, cada encontro é uma oportunidade ímpar de conversão permanente à mística da verdadeira misericórdia que nos obriga a combater, sem ambiguidades, todo tipo de violência, de preconceito, de falso moralismo e de atitudes paternalista. Pois, foi Ele quem disse que tudo que fizermos 'a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram'”.
Aos 78 anos de idade, o religioso segue desenvolvendo atividades pastorais e litúrgicas em comunidades como a Trilha do Senhor, José Walter, Parque Dois Irmãos, Rodolfo Teófilo, Barra do Ceará e Parajuru. É conselheiro do Conselho Penitenciário do Ceará há mais de 10 anos e também presta assessoria às unidades de internação, onde os adolescentes cumprem a medida sócio educativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA). "Nós, agentes de pastoral carcerária, conhecemos a abertura de inúmeros corações que nem as grades de ferro e nem as muralhas conseguem prender", defende Passerini.
"Trata-se de um homem que há mais de três décadas dedica-se ao povo mais humilde do nosso estado", afirma Renato. "Ele foi pioneiro no trabalho com as crianças de ruas, com os jovens estudantes, vítimas da Ditadura Militar, e com a comunicação popular, abrindo espaço para voz dos mais fracos e excluídos", explica o parlamentar na justificativa do projeto de lei. (Texto: Felipe Araújo / Foto: Divulgação)