Pastoral Carcerária recebe Prêmio Frei Tito de Alencar de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa

10/12/15 13:30

Imagem de Frei Tito de Alencar com o convite para a entregra do prêmio à Pastoral Carcerária

A Pastoral Carcerária do Ceará receberá o Prêmio Frei Tito de Alencar de Direitos Humanos, logo mais às 18 horas, na Assembleia Legislativa do Estado. Uma organização ligada à Igreja Católica, a Pastoral Carcerária tem uma trajetória reconhecida pelo serviço pastoral e humanista prestado a encarcerados e encarceradas no Ceará.

A homenagem será feita no Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, criado como marco da Declaração Universal dos Direitos Humanos e proclamada em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). A entrega da comenda ocorrerá durante sessão solene comemorativa dos 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), proposta pelo deputado estadual Renato Roseno (PSOL).

A sessão solene é aberta ao público e terá ainda a conferência com Norberto Ignácio Liwski, diretor executivo do Observatório Social da Assembleia Legislativa de Buenos Aires e vice-presidente do DNI Argentina (Defensa de los Niños Internacional). Membro do Comitê dos Direitos da Criança das Nações Unidas, ele falará sobre "Direitos Humanos na América Latina: construções e resistências".

O Prêmio Frei Tito de Alencar de Direitos Humanos foi criado em 2001 pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará para reconhecer trajetórias de respeito, defesa e promoção de direitos humanos de indivíduos e organizações no Estado. O nome do prêmio é uma homenagem ao frade cearense, nascido em Fortaleza em 1945 e encontrado morto em Lyon, na França, em 1974, enquanto se encontrava exilado, após ter sido preso e torturado pela ditadura do Brasil.

"Estive preso e vieste me visitar". O lema da Pastoral Carcerária, referência a uma passagem bíblica, encontrada no Novo Testamento - Mt 25, 36c - dialoga com a história de Frei Tito e com a de tantos outros prisioneiros.

Lista de homenageados

O Prêmio Frei Tito de Alencar de Direitos Humanos já foi concedido ao Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca-Ceará), Mário Mamede, Maria da Penha, Manfredo de Oliveira, Moacir Cordeiro Leite, Lino Allegri, e in memoriam a Wanda Sidou, Murilo de Sá Barreto, Alfredo Nesi e Messias Pontes.

Mário Mamede: médico e político, elegeu-se deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 1990 e 1994, foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e subsecretário de Direitos Humanos da Presidência da República em 2005, ano em que o órgão ganhou status de ministério.

Maria da Penha: farmacêutica vítima de violência doméstica, lutou para que o agressor viesse a ser condenado e se tornou líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres. Em homenagem a ela, foi sancionada em 7 de agosto de 2006 a lei brasileira que tornou mais rigorosas as punições por agressões contra a mulher, quando ocorridas no ambiente doméstico ou familiar, conhecida como Lei Maria da Penha.

Manfredo Oliveira: padre e filósofo, é considerado a maior referência estadual no campo da Filosofia. Professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), é mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, Itália, e doutor em Filosofia pela Universidade Ludwig-Maximilian de Munique, Alemanha.

Moacir Cordeiro Leite: pároco durante 11 anos de Cascavel e 32 anos de Aratuba, foi um importante membro fundador e animador das Comunidades Eclesiais de Base na Arquidiocese de Fortaleza, dedicando a vida religiosa sobretudo aos mais pobres.

Lino Allegri: missionário italiano da Diocese de Bolzano, vive no Brasil desde 1970, tendo passado pela Paraíba e por Goiás antes de vir para o Ceará. Na Arquidiocese de Fortaleza, trabalhou nos bairros Genibaú, Barra do Ceará e Tancredo Neves. Já atuou na Pastoral do Menor e atualmente é assessor da Pastoral do Povo da Rua.

Wanda Sidou: advogada, destacou-se pela defesa aguerrida de presos políticos do Ceará e de outros estados durante o regime militar. Socialista, era filiada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Murilo de Sá Barreto: pároco da igreja matriz da cidade de Juazeiro do Norte e um dos principais líderes religiosos do Nordeste, sempre defendendo os mais pobres e sofridos, o que lhe deu o título de "Vigário do Nordeste". Foi ainda radialista, escritor, pesquisador e professor.

Alfredo Nesi: religioso, destacou-se na participação em projetos educacionais para crianças e jovens carentes da Grande Fortaleza. Nascido em Florença, na Itália, padre Nesi chegou ao Brasil em 1968 para trabalhar na periferia de Salvador (BA). No auge da repressão do regime militar, apoiou os presos políticos da ditadura com visitas e auxílio financeiro. Antes de morar no Ceará, ele passou pelo Leprosário Amazônico em Belém (PA).

Messias Pontes: jornalista, trabalhou em diversos meios de comunicação da mídia cearense e foi presidente do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa. Membro histórico do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), atuou contra o regime militar.

Áreas de atuação: Direitos Humanos