A "balbúrdia" se fez luta e resistência. Na última quarta-feira, 15 de maio, o Brasil parou em defesa da educação pública e da pequisa científica. Segundo dados da Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE), mais de um milhão de pessoas participaram de manifestações em pelo menos 200 municípios de todos os estados brasileiros. O alvo do protesto foi a redução de verbas anunciada pelo governo Bolsonaro em todos os níveis de ensino e o corte dos recursos destinados às universidades federais e aos programas de pesquisa científica.
Em Fortaleza, o ato aconteceu pela manhã e saiu da Praça da Bandeira, no Centro, com destino à reitoria da Universidade Federal (UFC), no bairro do Benfica. Além das restrições orçamentárias, os manifestantes protestaram contra as declarações polêmicas do ministro Abraham Weintraub, que associou o corte a supostos atos de "balbúrdia" realizados nas universidades públicas; e contra a campanha sórdida de difamação das instituições de ensino superior que tem sido orquestrada por meio de correntes via aplicativos como o WhatsApp.
"Fizemos hoje um dos maiores e mais belos atos da história da cidade. Milhares de estudantes e professores, junto com os mais diversos segmentos e categorias profissionais, se manifestaram contra os cortes criminosos desse governo fascista, contra a insensatez desses ataques à educação. O Brasil parou em defesa das sua escolas, dos seus professores, dos seus estudantes, da suas universidades, da pesquisa, da ciência e da tecnologia", afirmou o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), que participou do ato.
Nas universidades federais, o governo bloqueará 30% do orçamento previsto para pagamento das chamadas "despesas não obrigatórias", como os gastos com trabalhadores terceirizados, obras, compra de equipamentos, água, luz e internet. Além dos cortes na área de ensino, o Governo Bolsonaro bloqueou de forma generalizada bolsas de mestrado e doutorado oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O corte atinge não só as ciências humanas - área que o ministro já afirmou não ser prioritária em sua gestão -, mas também as de ciências exatas e biológicas.
Em abril, um contingenciamento de 42,27% do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) já havia reduzido em R$ 2 bilhões as despesas e investimentos da área. Com resultado, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou que, já a partir do próximo mês de julho, vai suspender todas as bolsas de pesquisa.
Para Renato, a escolha da reitoria da UFC como ponto de chegada da caminhada dos manifestantes foi emblemática por se tratar de um local que até reúne diferentes gerações de pessoas que lutaram por justiça, democracia e direitos sociais. "Esse aqui foi o ensaio para a grande greve geral que vamos fazer no mês que vem, contra a reforma da previdência que, na verdade, é um ataque aos direitos sociais. Nós vamos continuar com esses atos em defesa das políticas sociais e em defesa dos direitos fundamentais", afirmou.