Outra comunidade atingida pelas obras da Cogerh no aquífero Dunas/Cumbuco está se articulando contra a enorme injustiça hídrica promovida pelo governador Camilo Santana. Trata-se da população da localidade de Parada, em São Gonçalo do Amarante, que vê sua situação ficar insustentável por conta dos poços que estão sendo cavados na região para abastecer o Complexo Industrial do Pecém. Na noite da última quarta-feira, 29, Renato Roseno esteve na comunidade dialogando com a população e denunciando a série de ilegalidades que atravessa essas obras.
Segundo Renato, a exemplo do que vem ocorrendo com outras comunidades que dependem do Lagamar do Cauipe e do aquífero Dunas/Cumbuco para seu abastecimento, a população de Parada está sendo ferida em seu direito fundamental à água e está se mobilizando contra as obras. "O modelo de gestão da água está errado!", afirma. "O Ceará adotou um padrão de desenvolvimento que visa atrair, com dinheiro público, empresas que queimam combustíveis fósseis, empresas poluidoras, e que sugam muita água de um estado que já tem um problema crônico de estiagem. Isso é um absurdo com a população e uma irresponsabilidade com as futuras gerações".
Para Roseno, o governador Camilo Santana é cúmplice deste erro ao manter investimentos em infraestrutura pública e benefícios fiscais a empreendimentos ambientalmente prejudiciais. Em particular num estado que já tem uma farta oferta de ventos e energia solar. “Não podemos fazer ouvidos moucos diante da guerra de água que se avizinha no Ceará, e as comunidades não vão perder sua água sem fazer nada”, avaliou.
Ao todo, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) está cavando cerca de 40 poços na região para abastecer as grandes empresas do Complexo do Pecém. Entre outras irregularidades, a construção desses poços não foi precedida por estudos de impacto ambiental nem pelo diálogo obrigatório com a população. Além disso, desrespeita a previsão legal de prioridade para o abastecimento humano em épocas de estiagem. "Temos relatos de pessoas das comunidades no entorno do local que estão sendo tratadas como criminosas, por serem contra este desatino. É uma obra desumana, ambientalmente ilegal, irresponsável tecnicamente e injusta socialmente”.