Soberania alimentar: Renato articula visita da SDA aos sisteminhas urbanos

28/02/24 10:14

Avançar pela soberania alimentar e oferecer oportunidades a quem precisa. É por isso que a experiência dos sisteminhas urbanos foi apresentada, ontem (27), ao secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará, Moisés Braz. Iniciativa do Movimento dos Conselhos Populares (MCP) e da Rede Jubileu Sul Brasil, o deputado Renato Roseno (Psol) quer tornar estes equipamentos sociais em políticas públicas importantes de combate à fome.

Os sisteminhas visitados funcionam no Conjunto Palmeiras, mas também são desenvolvidos em outros três territórios da capital cearense: Jangurussu, Pici e Vicente Pizon. A tecnologia social acontece a partir de um sistema conectado, de pouco investimento, e o uso de recursos já existentes no entorno para a produção de hortaliças, frutas, legumes e proteínas, dentro de pequenas propriedades. O intuito é garantir a autossuficiência alimentar.

O nosso mandato acompanha o trabalho dos sisteminhas há alguns anos, ao lado dos vereadores do Psol de Fortaleza, a mandata Nossa Cara e o vereador Gabriel Aguiar, que ajudaram na estruturação e produção, em forma colaborativa, de uma publicação que detalha o funcionamento destes equipamentos. Ao lado da deputada Larissa Gaspar (PT), que se somou a esta importante iniciativa, destinamos recursos do Programa de Cooperação Federativa (PCF) para que se ampliem estas tecnologias sociais.

“Os sisteminhas são exemplos reais de tecnologias sociais e econômicas para combate à fome nas periferias urbanas. Isso é muito importante para enfrentar a fome, para gerar renda, mas, sobretudo, para ampliar os laços de solidariedade e de organização política”, destaca o deputado, que esteve presente nas visitas. A nossa expectativa é que estes projetos se tornem uma política estadual de agricultura urbana e se espalhem pelos territórios na capital e interior”, justifica Renato.

Funcionamento

O sisteminha possui formato flexível, podendo ser adaptado de acordo com o espaço e disponibilidade dos envolvidos. Geralmente, contam com galinheiros, aquários, tanques de criação de peixes e hortas, e toda a produção funciona de forma coletiva, integrada e sustentável.

O primeiro visitado ontem é gerido por Wayne Tiago da Silva Araújo, integrante do MCP, que mantém um galinheiro em um pequeno espaço do seu imóvel. Lá, é possível produzir 280 ovos por mês, que são consumidos por sua família e partilhados com a comunidade. Além disso, cultiva hortaliças e plantas medicinais. “A ideia surgiu em 2019, onde a gente se reorganizava para as lutas sociais com parceiros de outras comunidades. Aí trouxeram essa ideia do sisteminha, que a nível internacional e nacional já teve sucesso”, explica.

Texto alternativo

O MCP estudou as possibilidades e enxergou que poderia ser aproveitado os quintais das casas, em pequenos espaços, para produzir alimentação saudável, sem agrotóxicos. “A gente viu que é bom, que pode levar essa ideia adiante para mais quintais, ter alimentação mais saudável e não depender apenas de mercantil, supermercado, feira”, reforça Wayne. Agora, a comunidade nutre expectativa de ampliar o projeto. “Aqui pode ter, no máximo, 30 aves. Hoje, consegue no máximo 12 a 15 aves por causa do gasto”, completa.

Texto alternativo

Outro sisteminha visitado integra a criação de peixes com galinheiro, cultivo de plantas medicinais e hortaliças. O espaço é cuidado por Elizabeth Vieira, que estimou um gasto inicial de R$ 2,5 mil para construir e iniciar o tanque de tilápias. “Nós conseguimos hoje tirar entre 160 e 200 peixes a cada quatro meses, mas aqui tem potencial para manter 400”, enumera. O grande desafio é ampliar a partir da construção e novos tanques e conseguir a doação de alevinos.

O secretário Moisés Braz ficou entusiasmado com os sisteminhas e espera integrá-los ao Programa de Agricultura Urbana, que sua pasta vem desenvolvendo, com as políticas de sementes crioulas e mudas, de fomento ao cooperativismo e do apoio técnico-financeiro às Escolas Família Agrícolas. A SDA espera dar apoio na operação das tecnologias sociais já existentes, como a doação de alevinos para produção de tilápia e assistência técnica às comunidades. “Vamos trabalhar para que iniciativas como esta possam ter o apoio do Governo do Estado nas áreas urbanas”, projetou.

Áreas de atuação: Economia solidária, Agricultura