Em pronunciamento no plenário da Assembleia Legislativa na última terça-feira (20), o deputado estadual Renato Roseno (PSOL) criticou a forma de indicação do novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na lista tríplice enviada pelo Conselho Universitário ao Ministério da Educação ( MEC ), o nome escolhido por Jair Bolsonaro era o terceiro colocado e teve apenas 5% dos votos da comunidade acadêmica. O candidato mais votado teve 7.772 votos, enquanto o nome escolhido pelo presidente teve apenas 610 votos .
"Um princípio constitucional da República Federativa do Brasil é o princípio da democracia. Sendo um princípio constitucional, nenhum das instâncias da sociedade, sobretudo as instâncias públicas, pode se afastar dele", defendeu Renato.
Em seu pronunciamento, o parlamentar lembrou que, no início dos anos 90, a comunidade da UFC lutou bravamente pela democracia e autonomia universitárias. "Argumentava a falta de legitimidade e não reconhecia a indicação à Reitoria feita à época por Collor, pois essa feria a autonomia da universidade e as instâncias legítimas de sua comunidade que haviam escolhido outro reitor", defendeu Renato.
"Eu fiz parte dessa geração, participando no movimento estudantil. Aprendemos muito lutando pela autonomia universitária. Para além da imprescindível luta pelo respeito à democracia, buscávamos um projeto de universidade pública sintonizado com os desafios de longa duração da sociedade brasileira. Nessa luta, não estavam somente os sujeitos da comunidade da UFC, mas vários segmentos da sociedade, conscientes e solidários à principal instituição acadêmica do Ceará e na defesa da democracia", reforçou.
Para o deputado, 27 anos depois, é necessário novamente defender a democracia contra a arbitrariedade. As condições, segundo ele, não são as mesmas; mas as convicções democráticas, sim. "Precisaremos de muita firmeza e unidade. Silenciar é normalizar mais essa agressão do governo tosco e autoritário que assola o país. Esse movimento de Bolsonaro é estratégico para facilitar o Future-se, projeto que visa privatizar as universidades públicas, nomeando seus aliados como interventores", destacou. "Defender a democracia na UFC faz parte da defesa da democracia no Brasil".