As imagens do despejo irregular de esgoto na popular “Praia dos Crush”, na Praia de Iracema, em Fortaleza, ganharam as redes sociais na última semana e tem mobilizado entidades, ambientalistas e parlamentares. No último sábado (15), houve uma manifestação por causa disso. O deputado estadual Renato Roseno (Psol) também denunciou este caso na tribuna da Assembleia Legislativa, na última terça-feira.

A situação é preocupante. Atualmente, das 33 praias de Fortaleza, monitoradas pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), nove estão impróprias para banho. Este resultado foi apontado na última amostragem, ocorrida no período entre 9 e 15 de outubro.

As praias impróprias são: na Praia do Mucuripe, no Porto dos Botes, ao lado do Mercado dos Peixes e na altura da Estátua de Iracema do Mucuripe; na Praia da Colônia, ao final da Avenida Pasteur, próximo à Estação Elevatória Arpoador, da Cagece, e na Praia do “L”, na altura da Dr. Theberge; e na Barra do Ceará, na Praia do Coqueirinho, na Praia das Goiabeiras, na altura da Rua Bom Jesus e na Foz do Rio Ceará. “A balneabilidade é um importante indicador do saneamento ambiental da nossa cidade”, reforça Renato.

Critérios

Os critérios de balneabilidade utilizados estão descritos na Resolução Nº 274, de 29/11/2000, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). As praias “próprias” para banho são quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver no máximo 100 Enterococos — bactérias gram-positivas, comensais do aparelho digestivo e urinário — por 100 mL da amostra.

Já as impróprias é quando o valor obtido na última amostragem for superior a 400Enterococos por 100 mL da amostra, ou quando existirem ocorrências que possam ocasionar risco à saúde do banhista, tais como, presença de resíduos sólidos ou animais no entorno da área de banho. As amostras pela Semace são colhidas semanalmente, na isóbata de 1 metro de profundidade, que representa a região mais utilizada para recreação.

Embora os valores de Enterococos estejam dentro dos critérios estabelecidos, os pontos de amostragem deverão ser considerados impróprios em caso de constatação da presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas, proliferação de algas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação.

Na última amostra, a Praia dos Crush, local do despejo irregular que foi constatado, estava própria para banho, mas isso pode mudar na próxima semana após uma nove coleta e visita dos técnicos da Semace, que ocorreu na última segunda-feira. “Isso é um absurdo! O que nos foi passado nas imagens é que uma escavadeira da Prefeitura de Fortaleza estava abrindo o que pode ser a passagem para esgoto clandestino para que a água contaminada chegue ao mar”, protestou o parlamentar na tribuna.

O mandato do deputado estadual Renato Roseno (Psol) solicitou a apuração do caso ao Município e ao Governo do Estado para saber do que se trata, uma galeria pluvial ou um canal de esgoto clandestino. “Havendo ligações clandestinas, os autores devem responsabilizados e haver a recuperação da balneabilidade”, explicou Roseno, que ainda reforçou a importância daquele lugar: “É uma das praias de memória afetiva da nossa cidade”, finalizou.