Renato faz defesa do SUS em palestra na Escola de Saúde Pública

11/11/19 18:00

O debate sobre a importância dos Direitos Humanos e da equidade na sociedade passa pelas dimensões da irredutibilidade, da ética e da exigibilidade nas relações sociais. Foi com base nesse tripé discursivo que o deputado estadual Renato Roseno (PSOL) realizou, na última sexta-feira (8), palestra para os residentes da turma V do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE).

Em fala realizada para os residentes do Componente Comunitário, Roseno fez um resgate histórico das diferentes vertentes dos direitos civis, políticos e sociais brasileiros e traçou um panorama a partir dos desafios que os profissionais da saúde terão de enfrentar quando consideramos a atual conjuntura politica e econômica do país. “Precisamos disputar nas minorias sociais a necessidade de termos serviços públicos. Precisamos defender o Sistema Único de Saúde (SUS) e fazer com que a sociedade o defenda também”, orientou.

Para o parlamentar, as políticas públicas não podem ser desenhadas a partir de um olhar genérico. Segundo ele, todas essas estratégias precisam ser pensadas e executadas considerando as desigualdades existentes em todo o território nacional. “Falamos de um serviço de saúde que tenha linhas de cuidado afirmativas. Isso é equidade”, ressaltou, dando ênfase ao reconhecimento do papel desempenhado pelas mulheres nas suas lutas históricas, sobretudo nas políticas de saúde.

A interseccionalidade na construção e oferta dos serviços de saúde, ainda segundo o deputado, passa pelo entendimento dos conceitos de raça, classe, gênero, etnia, orientação sexual, regionalidade, entre outros. O profissional da saúde, reforçou, precisa analisar essas questões com uma certa complexidade em seu olhar, considerando, inclusive, as novas configurações da sociedade. “A matriz monolítica e ocidental é mais fácil. Porque ela não dá conta da diversidade da vida ou das suas contradições”, questiona.

Mas a luta por um sistema de saúde equânime e que garanta o acesso de todos os cidadãos aos serviços precisa considerar algumas barreiras. Uma delas, segundo o gestor, é a crise de financiamento, que impede, por sua vez, que as políticas públicas de saúde não estejam acessíveis aos usuários. A expansão da Atenção Primária, por exemplo, foi uma das estratégias apontadas pelo parlamentar como alternativa para a diminuição das demandas hospitalocêntricas e medicamentosas.

Aos residentes, a fala final de Renato foi de resistência, principalmente no que diz respeito ao perigoso lugar de administração da miséria da população. Ao invés disso, ele sugere, considerando a capilarização que a figura do residente tem nos territórios de atuação, o estabelecimento de alguns tipos de repactuações com a sociedade. “Precisamos estabelecer algum tipo de recusa. Algum tipo de rebeldia capaz de defender aquilo o que já conquistamos. O meu exercício de recusa é a única possibilidade de abrir um novo futuro”, finalizou.

O encontro com Renato Roseno marcou a conclusão das atividades do Módulo Transversal VII da RIS-ESP/CE. A agenda da turma V (2018-2020) iniciou-se na última quarta-feira, 6. Durante esses três dias, os cerca de 300 residentes dos componentes comunitário e hospitalar discutiram temas ligados à redação de artigo científico, atenção integral à saúde do adolescente na Estratégia Saúde da Família, Saúde, Cultura e Sociedade, entre outros temas. (Texto: ASCOM-ESP / Foto: Divulgação)

Áreas de atuação: Direitos Humanos, Saúde