Nenhum direito nos é dado gratuitamente, todos os direitos são conquistados. Sempre de baixo pra cima a partir da auto-organização do povo. Em uma roda conversa realizada no último sábado, 30, na Associação Comunitária do assentamento Juá do MST, em Santa Quitéria, Renato Roseno destacou a importância da luta popular e dos movimentos sociais para a superação da grave crise política pela qual passa o Brasil, marcada pela destruição de direitos sociais e pelo golpismo do ilegítimo Michel Temer.
"O Brasil vive hoje uma grave crise econômica e política. E qual a saída da crise que os grandes empresários e os grandes latifundiários propõem? É gerar mais emprego? É distribuir riqueza? É melhorar o preço das coisas? Não. Eles querem explorar mais. O resultado da crise é mais exploração para garantir mais lucro para eles", afirmou Renato. "É por isso que temos de tomar posição e lutar em defesa de nossos direitos. Quando a pessoa não tem posição, outras pessoas tomam decisão por você".
Participaram do encontro mulheres e homens representando 18 assentamentos - onde residem cerca de 200 famílias. Na pauta, houve discussão de temas como a reforma agrária, a luta contra a mineração de urânio na região, os ataques aos direitos sociais de Temer e a questão hídrica. Durante o encontro, Renato também apresentou algumas ações do mandato É Tempo de Resistência relacionadas aos temas discutidos, como o projeto de lei que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos no Estado (e que segue em tramitação na Assembleia Legislativa).
"Os agrotóxicos são um tema muito trabalhado no nosso mandato. O país tem um dos maiores índices de intoxicação por veneno e os ruralistas querem liberar ainda mais veneno. Tem mais de 30 venenos que não são liberados em outros países que eles querem liberar aqui", denunciou Renato. "Os deputados da bancada ruralista é que vão votar nisso. Eles não representam o trabalhador sem terra, não representam a mãe de família, o trabalhador. Eles representam apenas seu vício por dinheiro".
Sobre os projetos de mineração de urânio e fosfato em Santa Quitéria, Renato reafirmou as críticas a esse tipo de empreendimento. O tema vem provocando inúmeras preocupações entre a população local, principalmente em relação aos impactos do empreendimento e violações de um amplo espectro de direitos humanos e sociais, tais como o direito à saúde, ao trabalho digno, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, dentre outros.
O deputado lembrou que a mineração vai demandar um total de 19 carros-pipa de água por semana para lavar o urânio. E que essa água, depois de lavar o urânio, não serve mais pra nada, tendo de ficar mais de 20 anos "guardada" num açude para o produto radioativo poder decantar. Para Renato, esse tipo de projeto não representa um modelo de desenvolvimento porque gera pobreza e adoecimento para o povo; mas é tão somente uma forma de acumulação de capital.
"Esse é um modelo de economia que se defenda? Com isenção de imposto, com governo dando segurança de água para essa usina, fazendo desapropriação. Se essa água fosse para os agricultores não era muito melhor?", perguntou Renato. "Eles dizem que a economia vai crescer. Mas do que adianta uma economia crescer para quem já é rico? E não cresce para quem é pobre, não cresce para o trabalhador. Só cresce para o andar de cima, para as multinacionais, que vem aqui para explorar, para deixar nossa água contaminada, para deixar nosso povo sem água,sem terra".