Como um ato de convocação à esperança em meio à pandemia da Covid-19, a Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) deste ano escolheu como tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor". Lançada na manhã da última quarta-feira, 17, a quinta edição da campanha aposta na superação das polarizações e das diversas formas de violência que marcam o mundo atual.
A CFE 2021 coloca em evidência as desigualdades do País, principalmente após a disseminação do coronavírus, “fenômeno catalisador do falimento do sistema, ao explicitar a falta de estruturas e políticas públicas para enfrentá-la", diz o texto da campanha. O vírus tem sido um divisor social, por isso, a CFE também defende a restauração da dignidade das pessoas, em busca da superação de conflitos e alcance da reconciliação social.
"A Campanha da Fraternidade surge como ocasião preciosa para redescobrir a força e a beleza do diálogo como caminho de relações mais amorosas, promovendo a convivência fraterna e a alegria do encontro como experiências humanas irrenunciáveis, em meio a crenças, ideologias e concepções, em um mundo cada vez mais plural. É preciso reaprender a dialogar!", destaca o secretário executivo de Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Patriky Samuel Batista.
O negacionismo científica e a alienação política estão entre os temas mais combatidos pela campanha. A desconsideração da vacina contra a Covid-19 e as negligências do Governo Federal em torno da pandemia pautaram a definição dos objetivos da ação. A cultura negacionista tem estimulado discursos anti-ciência e posições conflituosas contra a imunização, especialmente em relação às estratégias políticas durante a pandemia.
"A Campanha da Fraternidade nos convida a construirmos juntos e juntas saídas para alguns dos problemas cruciais ao longo deste ano: o negacionismo de Bolsonaro, sua negligência criminosa em relação às medidas de enfrentamento da pandemia e seu incentivo à cultura da violência e do ódio contra mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTIQ+”, reforça o deputado estadual Renato Roseno (PSOL). “Esse contexto aprofunda a tragédia humanitária no país nesses tempos de crise sanitária e também representa uma grande ameaça às nossas conquistas democráticas. A valorização da ciência, a defesa do SUS, a defesa da democracia e dos direitos das minorias serão lutas urgentes em 2021", completa.
Entre os compromissos e os objetivos da CFE, destaca-se a denúncia às violências contra pessoas, povos e a Criação, em especial, as que usam o nome de Jesus. Para o pedagogo e presbítero católico, padre Júlio Lancellotti, a “Campanha ecumênica denuncia o feminicídio, a homofobia, a lgbtfobia e a transfobia. É um ato corajoso das Igrejas Cristãs que se unem contra a violência. Não queremos armas, queremos vacinas, queremos vida!".
São outros objetivos da campanha: o engajamento em ações concretas de amor à pessoa próxima; a promoção da conversão para a cultura do amor em lugar da cultura do ódio e o fortalecimento e celebração da convivência ecumênica e inter-religiosa.
Comunicação Não-Violenta
Uma estratégia a ser utilizada na CFE será a da Comunicação Não-Violenta. Ela é uma metodologia comunicacional desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg e é voltada para aprimorar os relacionamentos interpessoais e diminuir a violência.
A CNV envolve quatro objetivos: consciência, linguagem, comunicação e meios de influência. A Campanha disponibilizou um conteúdo sobre a temática, principalmente por usá-la como estratégia de expressão que minimiza os conflitos entre as pessoas. A metodologia se destina a pessoas que desejam aprimorar a empatia, a escuta e a assertividade na fala. Ela pode ser utilizada em ambientes familiares e escolas. (Texto: evelyn Barreto / Foto: Divulgação)