"Um escárnio contra a saúde pública e o dinheiro do povo". Foi assim que o deputado estadual Renato Roseno (PSOL) definiu o escândalo da compra superfaturada da vacina Covaxin pelo governo federal. Em pronunciamento feito durante a sessão plenária da última quinta-feira (25), Renato repercutiu as denúncias apresentadas pela imprensa ao longo da semana segundo as quais os valores contratados pelo Ministério da Saúde para a compra do imunizante tiveram um sobrepreço de 1000% e houve pressão sobre um servidor para favorecer a empresa importadora da vacina.
Confira trecho do pronunciamento de Renato
A indiana Covaxin, comprada em março pelo governo federal, é um dos imunizantes mais caros negociados pelo Ministério da Saúde com os fornecedores internacionais. O preço da dose inicialmente anunciado pelo fabricante era U$ 1.34, mas Bolsonaro pagou U$ 15. Com isso, as 20 milhões de doses contratadas, em vez de U$ 26.8 mi passaram a custar U$ 300 mi. A diferença, portanto, foi de U$ 273 mi (ou R$ 1.3 BILHÃO considerando o dólar a R$ 4.96). Além do sobrepreço, também há suspeitas de "pressões anormais" para a liberação da vacina.
O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirma que o governo federal foi avisado sobre irregularidades, mas decidiu seguir com as negociações mesmo assim. O parlamentar veio a público após o irmão, Luis Ricardo Miranda, técnico do Ministério da Saúde, ser alvo de inquérito no Ministério Público Federal. Em depoimento, o servidor afirmou ter sido pressionado pelos superiores para assinar uma licença de verba adiantada a fim de viabilizar a importação da vacina mesmo sem aprovação da Anvisa.
"Imagine que lhe oferecem uma garrafa d'água a um dólar e você nega a compra. E, de repente, você compra a mesma garrafa d'água a 15 dólares. Você acha que isso é razoável? É óbvio que não, seja na gestão pública seja na gestão privada. Pois foi isso que se materializou nesse escândalo", questionou Renato, que disse que é importante nesse momento garantir a proteção do servidor público que fez a denúncia de que foi pressionado a fechar essa compra. "Isso precisa ser profundamente investigado. Quem foi que deu a ordem, quem foi que se beneficiou e por que o presidente da República, ao tomar conhecimento disso, nada fez?”