Renato visita comunidades rurais do Cariri e participa da Romaria do Caldeirão

26/09/23 10:00

O nosso mandato cumpriu uma série de agendas na região do Cariri, no último final de semana. Foram visitados os municípios de Lavras da Mangabeira, Caririaçu e Crato, onde foram debatidos, por exemplo, questões relacionadas ao abastecimento d’água de comunidades rurais e os impactos socioambientais de grandes empreendimentos no Sul do Estado. Ainda participamos da 23ª Romaria do Caldeirão da Santa Cruz, no domingo (24), evento que, por uma lei de nossa autoria, faz parte do Calendário Oficial do Ceará.

No último sábado (23), viajamos até o distrito de Quitaiús, em Lavras da Mangabeira, onde conhecemos de perto uma grave problemática: a falta de abastecimento de água. Lá, nove comunidades convivem, há quase dois anos, sem nenhum acesso ao recurso hídrico. A escassez atinge os sítios Banco, Tabuleiro Alegre, Varas, Vitorino, Caixa D’água, Juá, Areias, Siriqueira e Unha de Gato. Ao todo, cerca de 500 famílias sofrem com isso. “Aqui foi feita a estrutura para receber a água do Sisar, mas ela funcionou por pouco tempo. É uma situação muito grave, que afeta agricultores e agricultoras”, detalha Renato.

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Outras demandas apresentadas pelos moradores dizem respeito ao Açude do Rosário, que nos últimos anos vem sendo assoreado, e o avanço de macrófitas aquáticas, que impacta em toda uma cadeira produtiva de piscicultura, pesca artesanal e navegação. Além disso, denunciam a poluição do Riacho do Rosário com o descarte ilegal de esgoto do distrito Quitaiús. “Isso está causando um constrangimento grande. É uma luta das comunidades e a gente está à serviço para cobrar os órgãos que possam sanar”, completa o parlamentar.

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O nosso mandato vai pedir uma audiência com o Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar) da Bacia do Salgado. Também solicitaremos uma reunião com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e com o Município, que pode solucionar, em parte, a questão do abastecimento com a recuperação de um poço e a construção de uma caixa d’água no sítio Banco ou Tabuleiro Alegre.

Ainda no sábado, visitamos Caririaçu, onde nos encontramos com militantes do Psol daquele município. O debate girou em tornos das demandas locais e da participação do partido nas eleições de 2024. O grupo denuncia o aumento de animais abandonados e de casos de leishmaniose. Tudo isso, sem um Centro de Zoonoses em funcionamento. Também reclamam da falta de acolhimento hospitalar no município.

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Cinturão das Águas do Ceará

No fim do sábado, viajamos até o sítio Baixio do Muquém, em Crato, para participar de uma roda de conversa sobre os impactos socioambientais causados pelo Cinturão das Águas do Ceará (CAC). O empreendimento cortará seis comunidades do distrito do Baixio das Palmeiras. Além dos danos, os moradores sofrem com as faltas de informações sobre as famílias que serão desapropriadas e indenizadas.

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O nosso mandato acompanha essa situação há alguns anos. Inclusive, já realizamos duas audiências públicas sobre o tema no próprio município de Crato. A partir disso, vamos tentar recuperar os compromissos feitos nestes dois encontros anteriores. Por outro lado, vamos marcar uma audiência com a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado (SRH) e com a Procuraria-Geral do Estado (PGE) para solicitar informações.

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A comunidade quer garantias, por exemplo, de controle de caminhões e demais veículos durante as obras e negociar medidas de compensação. “Os moradores ficam só com os impactos e é importante que tenha medidas mitigatórias, em contrapartida”, expõe Renato. Outras possibilidades são as garantias de aluguel social aos moradores que conviverão, lado a lado, com o empreendimento e negociar a possiblidade de mudança de canal aberto para tubulação, em alguns trechos, reduzindo os danos.

Romaria

Ainda cedinho, no domingo (24), participamos da 23ª Romaria do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, em Crato. O evento, que rememora a importante comunidade liderada pelo beato José Lourenço, faz parte do Calendário Oficial do Estado do Ceará, a partir a lei nº 18.153/22, de nossa autoria.

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A celebração teve início em 2000 e é realizada, anualmente, no quarto domingo de setembro, mês em que ocorreu a primeira invasão das forças policiais para dispersar os moradores do Caldeirão, em 1936. O evento, desde então, é realizado pela Diocese de Crato com apoio das comunidades eclesiais de base (CEBs), da Prefeitura Municipal e das organizações da sociedade civil que defendem a agricultura familiar e o meio ambiente.

Memória

A história do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto começa com a chegada do agricultor paraibano José Lourenço Gomes da Silva, que migrou para Juazeiro do Norte, no final do século XIX. Lá, se tornou um beato de confiança do Padre Cícero. Sob sua liderança, um grupo de refugiados da seca se estabeleceu numa terra arrendada pelo próprio sacerdote no Sítio Baixa Dantas, no Crato, trabalhando na agricultura de forma comunitária e sempre movidos por um espírito religioso.

Em 1926, as terras no sítio Baixa Dantas foram vendidas. Novamente, o Padre Cícero interveio cedendo uma de suas propriedades, que ficava na fazenda conhecida como “Caldeirão dos Jesuítas”, a cerca de 33 quilômetros da sede de Crato. Nesse novo lugar, a comunidade prosperou, sob a recomendação de trabalho em várias frentes, organização de oficinas e partilha de produção igualitária. O excedente era utilizado para a compra de outros produtos, como remédios e querosene.

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Com a seca de 1932, uma das mais duras a atingir o Nordeste, o Caldeirão chegou a receber mais 500 pessoas. No seu auge, chegou a ter cerca de 1.700 moradores, segundo os historiadores. Porém, a morte do Padre Cícero, em 1934, fragilizou o local, que já era alvo de ataques e difamações na época. O maior temor do Governo Federal era de que aquele pequeno sítio no Crato tornasse um movimento messiânico e, a exemplo de Canudos (BA), e oferecesse resistência.

O então presidente Getúlio Vargas ordenou a primeira invasão ao Caldeirão em 11 de setembro de 1936, sendo a comunidade dispersa por forças policiais. O primeiro ataque não foi suficiente e, oito meses depois, as Forças Armadas destruíram o lugar. Os sobreviventes fugiram. Vitimado pela peste bubônica, José Lourenço faleceu em Exu (PE), em 1946.

“Reconhecer o Caldeirão não se trata apenas da memória deste território, que é importante, mas também dos seus ecos. Que ecos são esses? A práticas cultivadas por seus moradores, a agricultura familiar, a soberania alimentar, a convivência com o semiárido, a luta pela terra, pela água e pela reforma agrária”, enfatizou Renato Roseno.

Áreas de atuação: Cultura, Meio ambiente, Agricultura