Quero falar com vocês sobre a reabertura das escolas no Ceará. Sabemos que a escola faz muita falta na vida dos alunos e das famílias. Mas para retomar a rotina presencial entendemos que são necessários cuidados e investimentos imprescindíveis para a saúde de todos os envolvidos.
O decreto libera o ensino fundamental, que é de responsabilidade dos municípios. São, portanto, 184 redes. Todas as escolas da rede municipal do Ceará oferecem condições de biossegurança? Podem garantir espaço para distanciamento, ventilação e lavatórios apropriados para começar?
Não é possível falar em retorno presencial sem cuidar desses aspectos primários da adaptação devida das escolas, com melhor infraestrutura, mais salas, melhor ventilação, melhor saneamento etc. E mais: garantir EPI's, treinamento, plano de testagem, plano de imunização, rodízio e adaptação curricular.
Não houve a realização dos investimentos necessários nas escolas municipais e estaduais para receber os alunos. Não é possível liberar e pagar para ver o que acontece sem preparação, sem investimento, sem testagem e sem vacina... Além da falta de condições materiais, também é arriscado e irresponsável liberar o retorno das aulas presenciais quando 95% dos leitos de UTI no estado estão ocupados. No Sertão Central e Litoral Leste a ocupação é de 100%.
É necessário aguardar por um momento em que se constate uma redução mais expressiva dos indicadores de contaminação, com menor pressão sobre a rede hospitalar e com disponibilidade de leitos e serviços de atendimento.
Por fim, e mais importante de tudo, só devemos falar em retorno da rotina presencial nas escolas a partir do diálogo e de uma construção coletiva com estudantes, famílias, professores e todos os trabalhadores da Educação.